
Foto: Adelino Meireles
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo manifestou, esta sexta-feira, "total incredulidade" com a possibilidade de a Vasp alterar a distribuição diária de jornais em oito distritos, entre os quais o de Beja, e exigiu a intervenção do Governo.
"O Governo tem a responsabilidade de resolver esta situação e é pouco compreensível que se escude nos "mecanismos concorrenciais" para deixar surgir esta ameaça", disse à agência Lusa António José Brito, que é também autarca em Castro Verde.
A posição do presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), que abrange 13 dos 14 concelhos do distrito de Beja (a exceção é Odemira), surgiu depois de a administração da Vasp ter confirmado, na quinta-feira, que está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais.
A medida poderá ter impacto, já a partir de janeiro de 2026, nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.
"Vemos esta situação com profunda preocupação e total incredulidade. Temos dificuldade em aceitar que metade de Portugal, que é permanentemente esquecida e deixada para trás em tantas áreas, agora também deixe de ter o direito a estar informada e a ler jornais em papel", frisou o presidente da CIMBAL.
António José Brito disse ainda que, a confirmar-se esta possibilidade, "para a imprensa regional do Baixo Alentejo - e de todo o interior - será uma quase "sentença de morte", num país onde nunca houve nem há uma política séria de incentivo à publicação, leitura e sustentabilidade dos jornais".
Também na quinta-feira, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que qualquer solução pública que ajude a assegurar a distribuição de imprensa no território nacional implicará sempre "mecanismos concorrenciais" e não passar cheques a uma empresa em concreto.
Para António José Brito, "o que está em causa é ter metade do país sem imprensa nas bancas", por isso, argumentou, o executivo nacional "tem de contratualizar com a Vasp uma solução concreta para impedir este problema grave".
"Parece óbvio que o Governo não pode permitir que metade do país possa ler jornais e a outra metade não tenha essa oportunidade", disse o presidente da CIMBAL à Lusa, considerando "que ninguém iria compreender e aceitar a indiferença do Governo nesta situação".
A par disso, António José Brito lembrou que a Vasp também assegura o transporte dos jornais regionais a partir das gráficas até às redações.
Ou seja, "podem estar em causa muitos postos de trabalho e a sobrevivência das empresas editoras".
"As consequências seriam graves e não há forma de o Governo simplesmente fechar os olhos a tudo isto", concluiu o representante.
