"Não podemos ser cidadãos de segunda": CIM de Trás-os-Montes repudia redução de jornais

Foto: Município de Vila Flor
O presidente da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes repudiou, esta sexta-feira, a possível redução da distribuição de jornais no distrito de Bragança, mas afirmou estar convencido que o Governo não vai deixar que isso aconteça.
A administração da Vasp informou que está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança, visto que "atravessa, neste momento, uma situação financeira particularmente exigente, resultante da continuada quebra das vendas de imprensa e do aumento significativo dos custos operacionais".
O presidente da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM), Pedro Lima (PSD), embora reconhecendo que os meios digitais estão "a ganhar terrenos", considerou que ninguém pode ser "deixado para trás" e, por isso, defendeu que o "jornal em papel, enquanto existirem órgãos de comunicação social que assim o façam, tem de chegar a todos".
"Evidentemente que nós não podemos ser cidadãos de segunda. Se existe distribuição, se existe carreiras de ligação, tem de existir também aqui esse cuidado", afirmou em declarações à Lusa, sublinhando que "mesmo que houvesse só um [leitor], é clarinho como a água, [a distribuição] tem de chegar a todos, com a mesma qualidade, com a mesma transparência".
Segundo o autarca da Câmara de Vila Flor, independentemente da quantidade de pessoas que ainda leem o jornal em papel, deve chegar a todos os cantos do país, destacando que o distrito de Bragança deve ter, em termos percentuais, o maior número de leitores.
"Isto é uma questão de coesão (...) e temos de ter a consciência da realidade demográfica, não só em termos de decréscimos ou acréscimos, mas nas faixas etárias que compõe a nossa demografia. Nós somos envelhecidos, mais envelhecidos que no Litoral, portanto aqui os hábitos estão um pouco mais atrasados. Já começámos a adiantar também, os meios digitais são amplamente utilizados, mas devido a esse grau de envelhecimento há hábitos diferentes, nomeadamente no recurso a jornais impressos", explanou.
Ainda assim, Pedro Lima acredita que o Governo não vai deixar que haja uma redução na distribuição dos jornais. "Ainda ontem [quinta-feira] o representante parlamentar do PSD, Hugo Soares, numa entrevista a um meio televisivo, disse que não aceitarão que coloque de parte a distribuição que seja a 100% do território nacional", adiantou.
Este problema já não é de agora. No ano passado, a Vasp também anunciou que iria deixar de fazer a distribuição em vários concelhos do país, nomeadamente em Vimioso, um dos municípios que faz parte da CIM-TTM.
No entanto, em outubro de 2024, o Governo fez um acordo com a Vasp e anunciou que iria lançar um concurso público para garantir a distribuição dos jornais. Em fevereiro deste ano, o concurso em causa ainda estava a ser ultimado.
