Os Echo & The Bunnymen permanecem como uma das maiores bandas de culto da pop britânica independente dos anos 80. Na próxima sexta-feira, os autores de "Ocean rain" vão regressar a Portugal, para um concerto no festival Vodafone Paredes de Coura, que arranca na terça-feira.
Corpo do artigo
Ao telefone com o JN, Ian McCulloch, letrista, vocalista e principal estratega da formação, não é de meias medidas: promete para o Alto Minho "a melhor banda do Mundo", para recordar peças como "Lips like sugar", "The killing moon", "The cutter" ou "All that jazz", enfim, muitas "coisas antigas que nunca nos cansamos de tocar".
Mais de três décadas volvidas sobre o primeiro disco, da formação original da banda de Liverpool, só resta a dupla McCulloch e o guitarrista Will Sergeant. Desde os finais dos anos 80 que os Bunnymen têm atravessado uma atividade intermitente, mas o vocalista, que já deu 54 voltas ao sol, garante que o entusiasmo ainda ali vibra e que inspiração não tem faltado. Até estão a gravar um novo disco, com a colaboração de Youth, dos Killing Joke.
"São canções muito frescas e com boas linhas de guitarra", diz McCulloch, enquanto elogia o contributo de Youth na produção, "um tipo muito descontraído e acessível", com quem o cantor iniciou o esboço das canções. "Só depois mostrei ao Will Sergeant e ele até disse 'uau', o que é incrível porque ele nunca foi muito de dizer essas coisas, quase me fez chorar", confessa o britânico. "Está um disco fantástico, mas nem consigo explicar ao que soa". O cantor diz ser muito provável que toquem pelo menos uma nova canção no Alto Minho.
O novo disco surge na sequência do relativo entusiasmo com que foi recebido "Pro Patria Mori", disco a solo de McCulloch lançado em 2012, altura em que o cantor largou as drogas e viu-se a braços com o nascimento de mais uma filha. A canção "Lift me up" foi, aliás, inspirada nessa experiência de paternidade. "Escrevi-a pouco antes de nascer e costumava cantar-lha", conta. "Já a 'Fiery flame' é inspirada nos meus companheiros, é uma espécie de pedido de desculpas, mas, ao mesmo tempo, um aviso de que às vezes tudo pode ser difícil. Não sou o melhor companheiro do Mundo porque sou preguiçoso".
Apesar de ter perdido alguma da atenção que granjeou nos anos 80, McCulloch permanece uma figura respeitada na música indie britânica e na nova geração há quem assuma os Bunnymen como uma das maiores influências. Os Coldplay são um exemplo: Chris Martin nunca se cansou de referir McCulloch como a sua grande referência. Hoje, está à frente de uma das mais bem sucedidas bandas do planeta. "E ainda estou à espera do meu cheque!", brinca McCulloch. "Eles absorveram o nosso som e adaptaram-no para as massas, mas já não os vejo há alguns anos, desde que costumávamos sair juntos", conta. "Mas ele agora toca piano e anda aos saltos durante duas horas e uma vez eu até lhe disse: 'faças o que fizeres, deixa de saltar!'".
"Há uns tempos, vi-os num estádio em Manchester e achei aquilo incrível, impressionante. Eles sempre me disseram que eu era o melhor letrista, mas respondi-lhes que gostava de ter escrito a 'Yellow', é uma letra tão simples. Mas o Chris é muito modesto quando fala comigo. Isso é uma coisa boa".