Aqui neste projeto "Fazemos Bem" do JN traz exemplos do que os privados fazem de forma fantástica na agricultura e agro indústria, assumo o desafio de trazer o regadio do Alqueva `a colação porque se trata de um enorme desafio que o Estado de Portugal tem para fazer "muito bem", sendo a minha expetativa que o faça, a bem de todos nós os contribuintes portugueses que pagamos a obra e neste projeto há uma excelente oportunidade de gerar riqueza para ajudar os compromissos financeiros de Portugal, incluindo o empréstimo da Troika.
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O governo assumiu o compromisso politico de concluir a obra do regadio até 2015. É uma boa notícia. Assumo, aqui, sem pretensiosismos, a minha responsabilidade de dar um humilde contributo para o tema "O que fazer para que o projeto do Alqueva crie riqueza no mais curto espaço de tempo possivel?". Desde logo, lanço para a discussão um facto: Portugal investiu no Alqueva 2.500 milhões de euros. Se o envelope financeiro disponibilizado no PDR entre 2014 e 2020 é de 3.700 milhões de euros, precisamos de ter bem a noção do que é que estamos a falar. Pergunto, agora: há algum plano estratégico definido, estudado, elaborado, para promover os 120 mil hectares de regadio que estão a surgir no Alqueva?
De que maneira se está a "formatar" os empresários e agricultores da região para passar de uma cultura de sequeiro para uma cultura de regadio, implicando isso, formação profissional e em gestão, investimentos necessários para gerar mais rentabilidade, mais competitividade, mais exportações? Que empresários e que mão de obra, quantidade, certamente da ordem das centenas de milhares e com que competências, são necessários na região? Que agro indústria (é unanime entre todos os especialistas neste tipo de projetos que sem agro industria instalada no interior do Alqueva não se maximiza a sua rentabilidade e criação de riqueza)? Que experiências existem no terreno para melhorar os solos e acautelar o seu potencial produtivo no médio longo prazo? Etc. Etc.
Parece-me que o Estado está a ter uma intervenção algo incipiente no Alqueva, uma política de geração passada. Ainda está a tempo de atalhar caminho e de testar políticas de nova geração que defendo para as agriculturas de Portugal. Definindo um plano estratégico de médio/longo prazo para o regadio (recentemente, o engº Luís Vasconcelos e Sousa falava de um "plano de fomento") que, por exemplo, respondesse de forma cabal às questões colocadas acima, bem como potenciasse economicamente os 20 mil hectares de terra existente no perímetro urbano em redor do Alqueva, nas mãos de pequenos proprietários (trata-se de 16,7% da superfície irrigada que corre o risco de ficar subaproveitada).Não há uma ideia agregadora sobre como colocar a agro-indústria a ajudar a agricultura a ser mais competitiva e economicamente viável. Sem essa integração e interacção não há desenvolvimento agrícola sustentável.
É preciso que as políticas agrícolas públicas de nova geração olhem para o Alqueva como uma oportunidade única que não pode ser perdida. Temos de ter planos de negócio ajustados às várias culturas e às várias fileiras, potenciando o volume de negócios e de emprego das empresas, com correspondência no VAB e no PIB agrícola.Isso só se consegue com novas metodologias empresariais, mais ajustadas ao regadio, com empresários com novas competências, mais conhecimento, mão-de-obra qualificada e competitiva.
Todos estes instrumentos estarão contidos num plano estratégico que tenha objetivos quantificados e planos de ação adequados a estes, que todos nós portugueses, sobretudo os nortenhos como é o meu caso, conseguíssemos perceber de forma clara e objetiva que o dinheiro dos nossos impostos está a ser bem empregue e rentabilizado no projeto do regadio do Alqueva. É isto que os portugueses esperam de quem manda nas políticas das agriculturas de Portugal, Assunção Cristas, Paulo Portas e Passo Coelho.