A organização da flotilha de barcos que se dirige a Gaza com ajuda humanitária acusou esta quarta-feira "navios militares israelitas" de alegadas "táticas de intimidação", anunciando que irá continuar a sua viagem.
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Segundo os organizadores, a flotilha encontrava-se às 05:30 TMG (06:30 em Lisboa) no Mediterrâneo, a norte da costa egípcia e a aproximar-se da marca das 120 milhas náuticas do território palestiniano, ou aproximadamente 220 quilómetros.
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"Nas primeiras horas desta manhã, as forças navais de ocupação israelitas lançaram uma operação de intimidação" contra a flotilha "Global Sumud" ("sumud" significa "resiliência" em árabe), acusaram em comunicado.
Um dos principais navios da flotilha, o "Alma", foi "agressivamente cercado por um navio de guerra israelita durante vários minutos", descreveu a organização no comunicado.
Durante o incidente, as comunicações foram "remotamente desativadas" e o capitão "teve de fazer uma manobra repentina para evitar uma colisão frontal" com uma embarcação.
"Pouco depois, a mesma embarcação atacou o "Sirius", repetindo as mesmas manobras de intimidação durante um longo período antes de partir", explicaram os organizadores da "Global Sumud".
A flotilha "Global Sumud", que se descreve como uma "missão pacífica e não violenta", é composta por aproximadamente 45 barcos com centenas de ativistas pró-palestinianos - incluindo três portugueses - de mais de 40 países, que transportam leite para bebés, alimentos e assistência médica.
Além da coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte, participam na flotilha nomes como o neto de Nelson Mandela, o antigo deputado sul-africano Mandla Mandela, a ativista sueca Greta Thunberg, a eurodeputada franco-palestiniana Rima Hassan e a ex-presidente da Câmara de Barcelona Ada Colau.
A ação visa "romper o bloqueio de Gaza" e prestar "ajuda humanitária a uma população sitiada que enfrenta a fome e o genocídio".
Em declarações à agência de notícias francesa AFP, a deputada francesa do partido de esquerda radical LFI, Marie Mesmeur, que está a bordo do "Sirius", disse ter visto pelo menos duas embarcações não identificadas, uma das quais estava "muito, muito próxima".
Segundo a mesma fonte, havia também "um barco de intervenção militar com uma enorme luz apontada" para o "Sirius e, ao mesmo tempo, "as comunicações de radar e internet" foram cortadas.
Noutro comunicado, publicado nas redes sociais cerca das 05:00 TMG (06:00 em Lisboa), a organização afirmava estar "vigilante ao entrar na área onde as flotilhas anteriores tinham sido intercetadas ou atacadas", referindo-se às interceções dos veleiros "Madleen" e "Handala" em junho e julho.
A flotilha indicou ainda estar a continuar a sua viagem "sem se deixar abater pelas ameaças israelitas".