<p>Mais de que o penúltimo debate, os líderes do CDS-PP e Bloco de Esquerda esforçaram-se, ontem, sexta-feira, por apontar soluções ideológicas para os mesmos problemas. Daí a cor da discussão entre Paulo Portas e Francisco Louçã.</p>
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Quatro anos após o incidente entre Paulo Portas e Francisco Louçã, em que o último acusou o opositor de não ter legitimidade para falar no direito à vida, porque não tinha filhos, eis que o líder bloquista voltou a "mimosear" o centrista, desta vez comparando o seu pensamento ao de Oliveira Salazar. No penúltimo debate televisivo, quando se discutia o tema das nacionalizações e do Rendimento Social, Louçã acusou o CDS-PP de recuperar um discurso típico do "Estado Novo".
"Ouvi dirigentes do CDS a falar da ideia de que o Rendimento Social de Inserção (RSI) era um subsídio à preguiça. Fiquei muito chocado com isso", salientou o bloquista, comparando o argumento à máxima de Salazar: "O subsídio de desemprego é um subsídio à pobreza".
Apesar do mal-estar provocado, Portas não só reivindicou para si um conjunto de decisões na área social quando o CDS esteve no Governo, como reafirmou o objectivo de limitar a atribuição do RSI. "Quem trabalha ao lado vê gente a mais que não quer trabalhar e quer viver à custa do contribuinte", disse. "Uma ajuda transitória não se pode tornar num modo de vida", acrescentou, dando números do RSI, desde a sua criação: 3.400 milhões de euros.
Num debate taquicárdico e ideológico, só finalizado com um aviso de Judite de Sousa, o grande tema acabou por ser a nacionalização, defendida pelo Bloco. Para o líder do CDS-PP, "o Estado não é bom gestor, não sente os bens como seus". Dando como exemplo o caso da EDP, quando era empresa pública, Portas pediu mais "concorrência".