E se o que se espera do Sudoeste é festa, foi preciso aguentar até à meia-noite para que os Buraka Som Sistema entrassem em palco decididos a não deixar ninguém estático no recinto.
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Assim que subiram ao palco, as correrias fizeram-se nessa direcção, com muita gente a saltitar e a ensaiar os primeiros passos de dança durante o percurso. Ancas de um lado para o outro e muitos braços no ar faziam antever a festa que se viveria na hora e meia seguinte.
O mote foi dado com “Luanda-Lisboa”, às quais se seguiram “Kalemba” e “Wegue Wegue”, receita mais que comprovada para aquecer as hostes.
O entusiasmo de Kalaf (na foto) e Conductor em palco era visível, sempre a puxar pelo público, a pedir mais e mais barulho e muitos braços no ar.
Um dos momentos altos do concerto foi quando Conductor chamou para o palco 20 meninas, mas o pedido foi aceite por muitas mais, que invadiram por completo o palco e dançaram sob uma contagiante festa de confetis.
Antes de Buraka Som Sistema, o cenário que se via no recinto não era o mesmo. A primeira noite de espectáculos, marcada pelo retorno de National, Macaco e Buraka Som Sistema, não estava especialmente concorrida, impondo-se a pergunta: "quantos vão ao festival para ver concertos?"
Isto porque, no primeiro dia de concertos, só faltou mesmo o público, que parece ter ficado, na sua maioria, a usufruir do ambiente do campismo, deixando a frente do palco principal pouco concorrida. Na Herdade da Casa Branca, estarão cerca de 20 mil pessoas.
O espanhol Macaco e a sua banda fizeram a festa no palco principal e contagiavam o público que, com o avançar da noite, foi acorrendo ao recinto. Dani Carbonell, Macaco, entrou em palco comunicativo e empenhado, perguntando desde logo: "Que se passa, Zambujeira? Onde estão as pessoas de Portugal?", fazendo com que vários braços se erguessem a aplaudir.
A música que faz - fusão de géneros tão díspares como rumba, rap, pop, funk, flamenco, rock e qualquer outro género que ainda não tenha sido rotulado - respira o cosmopolitismo e a mistura de culturas que sempre se associa à cidade catalã.
Antes de Macaco entrar em palco, os nova-iorquinos The National actuaram para uma plateia algo vazia quando comparada com o êxito que a banda tem tido em Portugal e que fez deles presença regular no nosso país nos últimos três anos.
Quando, em 2007, a banda de Matt Berninger e da dupla de irmãos Dessner e Devendorf, actuou no Sudoeste, com o disco "Boxer" acabado de editar, era muita a expectativa em torno deles. Volvidos dois anos, o efeito surpresa parece já não existir, mas a banda não deixa de dar um bom concerto, que, por certo, será do agrado de qualquer melómano. Êxitos como "Mistaken for strangers" ou "Mr. November" não falharam o alinhamento.
A abertura do palco principal do Sudoeste esteve a cargo dos ingleses The Veils. A banda de Finn Andrews aterrou na planície alentejana com o seu terceiro disco, "Sun gangs", editado em Abril deste ano.
Filho de Barry Andrews, que colaborou com nomes como David Bowie ou Brian Eno, Finn tem a música a correr-lhe nas veias, mas o seu talento vai muito além de qualquer genética musical. Em palco, os quatro elementos dos Veils mostraram-se cúmplices e com uma maturidade notável, mas é impossível não destacar a prestação de Finn, intenso e dramático, como as letras que escreve.
Com o chapéu que já faz parte da sua imagem de marca, Finn Andrews, um jovem inegavelmente bonito, cantou e tocou piano com um ar naturalmente sedutor, que levou a que se ouvissem uns assobios e a que alguém soltasse um "guapo" quando o músico despiu o casaco e ficou em mangas de camisa.