<p>Alguns candidatos autárquicos consideram que o conflito entre Belém e S. Bento não afectará as campanhas locais. Outros acham que desvia a atenção dos media e cria nos eleitores um sentimento de maior antipatia pela política.</p>
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"Não creio que tenha algum impacto nas autárquicas, mas gera nos portugueses um sentimento de alguma apreensão em relação a alguns dirigentes do PS", refere Macário Correia, candidato do PSD à Câmara de Faro.
Para o seu adversário, o actual autarca socialista José Apolinário, "esta situação nacional é motivo de conversa, mas na hora da decisão não influi no voto, porque a escolha se faz entre projectos e equipas".
Artur Penedos, candidato do PS em Paredes, não tem dúvidas: " Perturbará. Porque cada candidato está a tentar ganhar e este ruído lateral em nada contribui para que haja paz. Além de que quanto mais ruído for produzido pela Presidência da República menor atenção os media dão às campanhas locais. Pelo que não me parece que tenha sido nada útil esta intromissão".
Joaquim Couto, que concorre pelo PS em Vila Nova de Gaia concorda, ao defender que esta "guerra cria um barulho ensurdecedor na comunicação social que em vez de estar mais atenta e mais activa na informação e na mostra das propostas para os municípios, anda ocupada com esta guerrilha institucional e não tem espaço para as autarquias".
Também Álvaro Amaro, actual autarca de Gouveia e candidato do PSD, crê que o caso não interferirá, "mas não ajuda nem incentiva , como todos precisávamos, à participação na vida política".
"Essa questão não tem, nem pode ter nada a ver com as campanhas para as autarquias", refere por seu turno, o presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, que desabafa: "É-me muito difícil entender esta controvérsia toda. E só digo isto".
"Não vai afectar em nada. É um problema que perturba o país, mas não as escolhas locais", opina por sua vez, Guilherme Pinto, candidato do PS em Matosinhos.
"Algum impacto terá, mas não creio que seja significativo porque as pessoas estão muito mais preocupadas com as suas condições de vida do que com tricas políticas", sublinha a candidatado PS, em Cascais, Leonor Coutinho.
Os candidatos dos dois maiores partidos no Porto - Rui Rio (PSD) e Elisa Ferreira (PS) não quiseram comentar o impacto do conflito entre Belém e S. Bento nas campanhas autárquicas. Nem os autarcas sociais-democratas de Gaia, Luís Filipe Menezes; de Cascais, António Capucho e de Oeiras, o independente Isaltino de Morais.
Em Lisboa, o social-democrata Santana Lopes disse ter "um pensamento" sobre o assunto, mas entende que não deve "participar neste debate". Ao JN, o assessor de António Costa disse que para o actual presidente e candidato do PS o impacto se resume ao nível do desvio das atenções dos media.