Casa das Artes cheia em Vila Nova de Famalicão. Perante algumas centenas de pessoas, esta noite de segunda-feira, Paulo Portas recuperou um ânimo que ao longo do dia estivera morno: "Outra terra, outra enchente: é Portugal que está a pedir que o CDS siga para bingo".
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Apelando a que as sondagens (geralmente favoráveis) não influenciem o eleitorado, e reportando-se a situações anteriores, em que superou as previsões, Paulo Portas quis deixar, logo a abrir, uma consideração sobre algo que diz diferenciar o partido que dirige: "O CDS não desanima na adversidade e não é soberbo na esperança".
Fazer com que o CDS tenha mais votos do que a CDU e o BE juntos, como forma de garantir a maioria de centro-direita que almeja, é um objectivo do presidente centrista, que elege como verdadeiro adversário o PS, que responsabiliza pela crise. Algo que o leva a lançar um desafio directo ao secretário-geral socialista: "Pode José Sócrates explicar por que é que Portugal é o único país da União Europeia com duas recessões em dois anos e será, para o ano, o unico com crescimento negativo?".
Usando o comício para repisar insistentemente as propostas do manifesto eleitoral do partido, Portas repetiu que, tendo o CDS como "factor novo", "a campanha não é a dois, mas a três".
Jogando em casa, isto é, na sua terra, Nuno Melo foi especialmente aplaudido, centrando a intervenção nas críticas ao actual primeiro-ministro, que tem responsabilizado a oposição pela crise, devido ao chumbo parlamentar do PEC 4. "Nós não quisemos provocar nenhuma crise; nós queremos livrar-nos de uma crise que tem um rosto e tem um nome: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa", disse o eurodeputado, vincando que "a crise não nasce de uma realidade internacional, mas de erros sucessivos de governação".
Da boca do famalicense saíram também, mais moderadamente, recados ao PSD ("O nosso adversário é este Governo e este primeiro-ministro, não é o dr. Pedro Passos Coelho"), tal como antes fizera Telmo Correia, cabeça-de-lista por Braga, que se dirigiu directamente aos sociais-democratas, que têm desferido alguns ataques a Portas, dizendo-lhes que "estão a tratar um possível aliado como inimigo, a perder tempo e a queimar munições".
Antes, aludindo aos resultados eleitorais em Espanha, Telmo Correia quis puxar para Portugal o exemplo: "Quando os socialistas estão no poder e fazem asneira, não pensem que o povo se deixa enganar".