Há 20 anos a atrair milhares de pessoas à praia fluvial do Taboão, o Festival de Paredes de Coura arranca, esta segunda-feira, com um cartaz no qual Kasabian, dEUS e Ornatos Violeta são os principais cabeças de cartaz.
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Quando, em 1993, um grupo de jovens amigos convenceu a Câmara Municipal de Paredes de Coura a apoiar com mil euros um novo festival de música, estaria muito longe de imaginar que, alguns anos volvidos, daria origem ao principal veículo de divulgação da localidade, responsável não só pela vinda anual de duas dezenas de milhar de forasteiros, mas também pelas sucessivas menções à pacata vila minhota em publicações de todo o Mundo.
Os portugueses Gangrena, Cosmic City Blues, Purple Lips, Boucabaca e Ecos da Cave formaram o cartaz dessa edição inaugural, cuja surpreendente adesão popular seria reforçada nos anos seguintes.
Em 1998, com a contratação de bandas como Divine Comedy, Tindersticks ou Red House Painters, o festival conheceu a edição da viragem. Esse estatuto seria reforçado nos anos seguintes, com a presença de Nick Cave, Arcade Fire ou Foo Fighters reunidos numa só edição, em 2005, de pronto apelidada pelas principais revistas da especialidade como um dos melhores festivais europeus.
Com o decorrer dos anos, Paredes de Coura tornou-se sinónimo de descoberta, ao permitir que o público português visse pela primeira vez bandas que, pouco tempo depois, se tornaram fenómenos de massas. Foi o que aconteceu com os Coldplay, desconhecidos da maioria do público quando passaram por Coura, há 12 anos.
"O festival não está refém de um estilo de programação, mas queremos mantê-lo", assume João Carvalho, da produtora Ritmos, que sublinha o facto de essa coerência ser um dos motivos da preferência do público: "As pessoas criaram o hábito de vir a Paredes de Coura, pelo que não há grandes variações de público de há seis ou sete anos a esta parte. É o festival que tem uma média mais regular de espectadores".
Apesar da moda atual dos festivais citadinos - como o Rock in Rio Lisboa, Alive ou Marés Vivas -, Paredes de Coura tem procurado manter intacto o espírito independente dos primeiros tempos, virando costas ao peso excessivo que o marketing desempenha na maioria dos festivais.
A preparação da edição deste ano foi particularmente acidentada. Devido à coincidência de datas com uma série de festivais noutras regiões da Europa, sobretudo a norte, só há poucos dias o alinhamento definitivo foi conseguido. João Carvalho reconhece, por isso, que "o cartaz não é o ideal", mas "não nos envergonha".
No rol de concertos mais aguardados neste ano, os Ornatos Violeta ganham à concorrência. A mítica banda portuense está de regresso aos palcos após uma década de inatividade e irá ter à sua espera milhares de fãs desejosos de escutarem mais uma vez os temas dos seus dois únicos discos de originais, "Cão!" e "O monstro precisa de amigos". A lotação para sexta-feira já está esgotada.
A 20.ª edição é também feita de outros regressos, com os dEUS ou PAUS, cujos concertos deverão figurar entre os mais participados. O mesmo sucede com os Kasabian, Anna Calvi, Digitalism ou Of Montreal.
Os concertos no palco principal arrancam apenas depois de amanhã, mas até lá não falta música: B Fachada, Salto e Stephen Malkmus tratarão de manter a temperatura elevada junto das 20 mil pessoas diárias que são aguardadas no recinto.