<p>Era quase inevitável. Recomecemos: era inevitável. O próprio Paulo Portas admitiu que estava à espera da pergunta, mal entrou na Cacial - Cooperativa Agrícola de Citricultores, em Faro. Lá dentro, laranjas. Muitas laranjas. Uma injecção de vitamina C para o que resta da campanha? O candidato, que até anda rouco, diverte-se. "Vitamina C, com certeza". Mas recusou qualquer leitura política da visita a uma unidade de tons tão alaranjados. Cores que para uma mulher que estava num café do centro de Faro já desbotaram. A senhora, militante do PSD, assumiu que iria votar, desta vez, no CDS. Uma gentileza eleitoral que Paulo Portas fez questão de anunciar aos jornalistas. </p>
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Estávamos a meio da arruada em Faro. A primeira arruada a Sul do país, no penúltimo dia de campanha. O Norte e o Centro, sobretudo o Centro, foram terrenos mais férteis para o discurso centrista. ""Olh'ó sr. Paulo Portas!", exclamou a funcionária de outro café. O candidato não saiu de lá sem o habitual cumprimento. Mais à frente, levaria o recado do porta-voz de um grupo de homens, sentados na sombra de uma esplanada: "Vou fazer-lhe uma proposta: que sejam os deputados penalizados e não os reformados". Portas não ficou desarmado: "Tem toda a razão. Se é para apertar o cinto, não apertem o cinto a quem tem menos". Estava calor em Faro. Mas a arruada foi amena. Sem bombos, sem música e com pouca gente para cumprimentar. Não há na rua? Portas entra nos estabelecimentos comerciais: "Bom dia! Bom negócio." Os turistas também não escapam. Sempre dá para o candidato praticar o castelhano. De repente, alguém, uma mulher, deixa um papel escrito na mão do líder do CDS. Mensagem: "Se o Paulo Portas ganhasse é que era bom, que isto talvez mudasse para a sempre". Já lhe tinham pedido para tirar fotografias, já lhe tinham pedido para falar ao telefone com pessoas que o admiram, mas mensagens escritas, correio informal do eleitor, terá sido esta a primeira vez.
Como estreia foi, nesta campanha, a passagem pelo Alentejo, terreno pouco fértil para a lavoura do CDS. As ideias centristas não germinam nas planícies a perder de vista. Para "picar o ponto" no distrito, uma visita à Herdade da Malhadinha, em Castro Verde, Beja. Nada de arruadas. Questionado pelos jornalistas, Portas garantiu que, antes de chegar à herdade, até foi a Castro Verde onde chegaram a oferecer-lhe medronho. "E as pessoas que trabalham aqui também não são povo?", questionou.