Em que assenta a rivalidade contemporânea entre portugueses e espanhóis, se efectivamente existe? Da questão de Olivença à chegada em peso dos agentes económicos espanhóis, passando pelos planos de Franco para invadir Portugal, tudo serve para estimular rancores que ninguém sabe para que servem.
Corpo do artigo
O iberismo, erguido nos idos de oitocentos por gente como Antero de Quental, é, mesmo que não passando de exercício teórico, um pecado capital que os mais conservadores não perdoam (veja-se o que foram as reacções quando José Saramago aflorou a questão).
Aí se enquadra o caso de Olivença, praça perdida durante a Guerra das Laranjas (espécie de prólogo das invasões francesas) para os espanhóis, que dizem ter ficado com direito a lá permanecer após a paz firmada em Badajoz (1811), com Portugal a não ter grande voto na matéria, mas que perderam esse direito ao ratificar o que ficou disposto no Congresso de Viena (1815), que redesenhou a Europa após as guerras napoleónicas e punha Olivença dentro de fronteiras portuguesas.
Mesmo que a questão seja pertinente, não dará azo a guerras. E a eliminação de fronteiras na União Europeia tira-lhe sentido. Os activistas não desarmam. Muita gente sabe que um tal de Manuel Godoy nos roubou Olivença. Os oliventinos são totalmente espanhóis.