A estreia de Lana del Rey era o momento mais aguardado da segunda noite de Super Bock Super Rock e a miúda com jeitos de diva dos anos 50/60 esteve à altura das exigências da multidão.
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Quem viu imagens de Lana del Rey ao vivo no início do ano, com "Born to Die" acabadinho de chegar às lojas, não encontrará paralelo entre a performance da cantora na altura e a que esta sexta-feira o público português presenciou na Herdade do Cabeço da Flauta.
A insegurança deu lugar a uma interpretação perfeita da personagem de diva retro que encarna, com o ar de mulher intocável e distante que parecia caracterizá-la a dar lugar a uma cantora completamente entregue à multidão.
A exalar glamour importado dos anos 50/60, devidamente ajustado aos anos zero, Lana del Rey arrancou com "Blue Jeans", single sobejamente conhecido do público. Logo à primeira canção, a norte-americana não resistiu: "Vocês são espectaculares, estou muito feliz por estar aqui", disse com um sorriso aberto.
Seguiu-se "Body Electric" e a tão desejada "Born to die", entre um gole de vinho e um cigarro aceso para compor a personagem. Del Rey sussurra, lábios muito encostados ao microfone e um ar dramático pousado nas longas pestanas ou na delicadeza dos gestos cuidadosamente estudados. Se dúvidas havia quanto ao seu talento, este concerto tratou de dissipá-las. Lana del Rey é muito mais do que um rosto bonito na capa da "Vogue".
"Não costumo falar assim tanto, mas vocês são o melhor público de sempre", afirmou, antes de entrar em "Summertime sadness" e "Without you", cantada no meio do público. Os fãs entraram em modo histeria e Lana del Rey agradeceu, beijando e abraçando todos quantos se esticavam para ela. O momento, dotado de um certo exagero dramático - quase cinematográfico -, fez a delícia dos fãs. A diva havia descido à multidão e havia que aproveitar.
Ao fundo do palco, um ecrã exibia imagens dispersas do imaginário norte-americano, entrecortadas por fragmentos dos telediscos da cantora. Os Estados Unidos da América e a sua cultura popular - de Elvis Presley a Mickey Mouse - foram presença assídua ao longo de todo o espetáculo.
"Video games" e "National Anthem" foram deixadas para o final, coroando uma atuação que durou cerca de 45 minutos, mas que foi mais que suficiente para levantar o ânimo do festival.
O azar dos The Rapture
Depois de terem atuado no Optimus Primavera Sound, no Porto, no mês passado, os The Rapture regressaram para um espetáculo que prometia muito mais do que acabou por ser, em grande parte por culpa da apatia do público e da hora do concerto.
A banda nova-iorquina subiu ao palco nobre do Super Bock Super Rock às 20.30 horas, um horário claramente desfavorável a uma banda talhada para não deixar o público quieto um segundo. A esta hora, muitos estavam a jantar e os poucos que estavam em frente ao palco destilaram apatia durante grande parte do concerto.
"House of Jealous Lovers", êxito maior do grupo, retirado de "Echos" (2003), conseguiu chamar a atenção, mas a energia produzida pelos músicos em palco não contagiou a plateia.
A somar ao horário e à apatia do público, um problema técnico com o teclado de Gabriel Andruzzi completou os azares dos The Rapture, que mereciam sorte bem diferente nesta passagem pelo festival do Meco.
Depois de uma pequena pausa até o teclado voltar ao ativo (com a plateia a ser simpática e a dar apoio moral à banda), ouviu-se "How deep is your love", a derradeira canção entoada pelo grupo no Super Bock Super Rock.
Os Supernada, de Manel Cruz, foram os primeiros a atuar no segundo dia do festival e sofreram do mesmo mal que os Salto e Capitão Fausto haviam sofrido no dia anterior. A falta de público no recinto era gritante para uns Supernada que deram Supertudo.