<p>Esquecido o TGV, PS e PSD voltam às acusações de instigarem um clima de medo social e iniciam o apelo à bipolarização dos votos. Portas continua a bradar os cortes no Rendimento Mínimo e Louçã a defender as nacionalizações. </p>
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Depois dos ataques iniciais entre os dois principais candidatos a primeiro-ministro, outras polémicas surgirão nos próximos dias úteis. Até lá, será cada vez mais audível o apelo de PS e PSD à concentração dos votos ao Centro.
Na cartilha de José Sócrates, as políticas sociais, o Serviço Nacional de Saúde e um sistema de Segurança Social público mantêm-se na agenda (como arma de arremesso ao PSD), tal como as obras públicas: a alta velocidade ferroviária, a terceira auto-estrada Lisboa-Porto e a terceira travessia do Tejo ou o aeroporto internacional.
A divergência com Manuela Ferreira Leite sobre o TGV marcou, aliás, o arranque da campanha. Uma "visão retrógada" que Sócrates equiparou à frase de Salazar "orgulhosamente sós" e que levou João Soares a chamar a Ferreira Leite: "a outra senhora".
Picardias à parte, nas ruas, a líder do PSD tem alertado para o endividamento externo do país e para as propostas de apoio às PME, como forma de criar postos de trabalho e de travar o desemprego. Um termo que Sócrates baniu dos seus discursos, preferindo falar em "falta de emprego".
A calhar veio o fim do "Jornal Nacional de Sexta" da TVI, conhecido dia 3, o que foi apontado pela líder como um exemplo de "asfixia democrática". Como Manuel Alegre ripostou, este sábado, que se o PSD ganhar é que haverá medo social, o assunto voltou à ribalta. Ofuscando, assim, as supostas escutas em Belém, a compra de votos "laranja" em Lisboa ou o PPR de Francisco Louçã: "Fica a saber-se que a minha poupança de uma vida são 30 mil euros".
Reagindo às "ondas de choque" provocadas pela guerra entre os dois maiores partidos, os demais tentam seguir os temas-fortes dos seus programas, capítulo em que Portas e Louçã rivalizam.
O líder do BE informa amiúde os jornalistas do total de visitas ao programa bloquista na net. Há dois dias já eram 306 mil. Os temas mais "martelados" por Louçã têm sido os ataques à política do Governo, a tributação da riqueza e as nacionalizações. As críticas a esta intenção e a disponibilidade para viabilizar um governo minoritário do PS - que tem desmentido - ou o incómodo gerado em Angola por alusões a negócios com Luanda, estiveram em foco.
Já Paulo Portas não se cansa de falar diariamente de cinco temas- -chave para o CDS-PP: a baixa de impostos, os apoios às PME, a segurança e as leis penais, agricultura e cortes no Rendimento Social de Inserção, pelo que tem sido louvado e criticado nas ruas. Hoje o enfâse será o apoio à família.
Jerónimo de Sousa foi a Aljustrel - onde também esteve Louçã - criticar o Governo por não reabrir as minas e sobressaiu ao denunciar a baixa para breve da comparticipação estatal nos medicamentos de marca. O líder do PCP tem falado aos reformados e contestado as sondagens, como Portas.