Vieram cedo do Sul, foram dos primeiros a entrar no recinto e sem demoras correram lá para a frente para reservarem o lugar mais próximo do palco. E ali ficaram, horas a fio, à espera dos Placebo.
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“Fazemos Surf mas o nosso coração bate pelos Placebo”, diz-nos Artur Dionísio, algarvio de Portimão, ao lado do seu amigo André Carreiró. Estão os dois sem t-shirt, o nome dos seus ídolos escrito a marcador grosso nos dois troncos nus, uma cartolina para ajudar a panfletária devoção.
“Cada minuto de espera vale por cada agudo da voz do Brian Molko”, explica Artur, 15 aninhos acabados de fazer, o bilhete para este concerto oferecido como presente pelo amigo.
E dali não saem nem para comer? “Comemos depois em casa”, prossegue, asseverando que “a nossa fome é de Placebo” e que “se fosse preciso até ficávamos aqui 5 dias sem comer”. Ora, e se ocorrer necessidade de ir à casa de banho? “Isto tem uma grade com furinhos e é já aqui”, afirmam, desenrascados.
“Já vimos os Placebo mil vezes em dvd e no youtube mas é a primeira vez que estamos num concerto”, continua André, aluno da Future School of Surf de Portimão (“escreve aí o nome para fazer publicidade à escola”, pede).
Mas, afinal, a que se deve tamanha militância e devoção? “Curto muito a estética andrógina do Brian”, responde André. “Andrógina? O que é isso?”, reage o amigo, vagamente baralhado.
“Eh pá, é quando não percebes bem se é um gajo ou uma gaja”, esclarece o primeiro. “Ah, paneleirices”, ri-se o segundo. “Eh pá”, sublinha André, “escreve aí que não temos problemas com a orientação sexual do Brian”. Está bem.