<p>Abstenção. É a palavra que caracteriza a atitude dos emigrantes nas eleições. Por não estarem correctamente inscritos ou por alheamento. Mas elegem quatro deputados cruciais para a formação de maiorias eleitorais. </p>
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Ter ou não ter mais um deputado faz toda a diferença. À memória, surgem as eleições legislativas de 1999, quando os socialistas elegeram 115 deputados, exactamente metade do total de eleitores que compõem o Parlamento. Eleito primeiro-ministro, António Guterres, para fazer passar o Orçamento de Estado (OE), por exemplo, teve de socorrer-se de um deputado do CDS-PP, Daniel Campelo, que pelo seu voto obteve contrapartidas, em investimentos, para a sua terra, Ponte de Lima. Foi o célebre orçamento do "queijo limiano".
A diferença eleitoral esteve, no entanto, para ser maior. Como fora, aliás, na legislatura anterior, na qual Guterres governou com base em acordos parlamentares e graças à abstenção do PSD nas votações do OE. Pela primeira vez (e única até agora), em mais de 30 anos de democracia, o PS conseguiu, em 2005, eleger três (dois pela Europa e um pela Europa) dos quatro deputados pelos dois círculos da emigração.
O resultado habitual, que se repetiu nas eleições seguintes, é o inverso (3-1 para o PSD). Em 2005, o PS ficou a cinco votos de eleger o segundo deputado pela Europa. Ganhou o PSD, que elegeu Carlos Gonçalves.
Para 27 de Setembro, os socialistas propõem uma renovação de nomes. Das listas de candidatos, encabeçadas por Paulo Pico, pela Europa, e Renato Leal, pelo círculo Fora da Europa, saem Maria Carrilho e Caio Roque. No PSD, as candidaturas têm nos lugares cimeiros os deputados, José Cesário (Fora da Europa) e Carlos Gonçalves (Europa).
Apesar de serem quase cinco milhões os portugueses que vivem e trabalham no estrangeiros, são poucos os que votam nos actos eleitorais do país de origem. Aos eleitores inscritos nos consulados, foram apenas enviados 167 mil boletins de voto, para as moradas constantes no registo das representações diplomáticas portuguesas espalhadas pelo mundo. A expectativa da participação eleitoral não é grande.
Nas últimas europeias (quando foram devolvidos mais de 40 mil boletins), a abstenção superou os 97%. Embora este valor não sirva de referência - a abstenção é habitualmente mais elevada neste sufrágio - não se espera que a participação atinja sequer os 30%.