O atual Governo PSD-CDS/PP merece o chumbo de Rui Rio até julho, altura em que o ministro das Finanças Vítor Gaspar abandonou o Executivo e o então ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas ameaçou seguir pelo mesmo caminho, de forma "irrevogável", mas readquiriu o benefício da dúvida nos últimos dois meses.
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"Este Governo herdou uma situação particularmente difícil. Era impossível que algum português estivesse satisfeito, porque as medidas seguidas provocam desconforto emocional", afirmou o homem que preside à Câmara do Porto, há 12 anos, ontem à noite, em entrevista, no Jornal da Noite, na SIC.
Na sua opinião, "qualquer pessoa que estivesse no Governo e tivesse encontrado o país neste estado, teria de tomar medidas pesadas e difíceis". Apesar disso, defende, "era possível fazer bastante diferente e bastante melhor do que foi feito, sobretudo analisando o desempenho do Governo até julho".
No entanto, depois de cessada a crise política, com a remodelação aprovada por Cavaco Silva em que Paulo Portas subiu a vice-primeiro-ministro e Pires de Lima substituiu Álvaro Santos Pereira na Economia, Rui Rio considera que houve uma evolução positiva. "De julho para cá, noto alguma melhoria", reconheceu. Antes disso, apontou, "houve muitas trapalhadas, muita falta de preparação e o Governo cometeu muitos, muitos erros".
Rui Rio, que será sucedido na presidência da Câmara do Porto por Rui Moreira, a quem deu subliminarmente o seu apoio, recusa duas críticas, quando avalia os seus três mandatos: a de que deixou a reabilitação urbana inacabada e a de que boas contas paralisaram a cidade.
"Essa ideia de que ter as finanças em ordem é mau porque paralisa a cidade é uma ideia quase antipatriótica", ironizou. "Com o país neste estado, querer continuar a bater com a cabeça na parede revela um problema de inteligência" que ele diz não ter. "Mal cheguei, procurei pôr as contas em ordem", explicou.
Sobre a reabilitação urbana, tem duas explicações. A da Baixa "ficou incompleta, porque era impossível fazer tudo". A dos bairros sociais foi executada só no exterior por opção". Mesmo assim, "foram dados apoios para a reabilitação interna".
Já as obras no Bolhão e no Palácio de Cristal ficaram por fazer, porque "o volume de investimento era muito grande", justificou.