Os Green Day eram a banda mais aguardada da primeira noite de Optimus Alive e parecem não ter desiludido os milhares de fãs que assistiram ao terceiro concerto do grupo em Portugal. Muita energia, uma fórmula de sucesso e um Bille Joe Armstrong que parece continuar com 20 anos.
Corpo do artigo
Em sinal de respeito à ascendência, poucos minutos antes das 22 horas ouviu-se "Blitzkrieg Bop", dos Ramones, a ecoar pelo Passeio Marítimo de Algés. Para tornar a entrada ainda mais épica, seguiu-se o tema do filme "O Bom, o Mau e o Vilão", de Sergio Leone, e eis que surgem em palco Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt, Tré Cool e Jason White.
"Lisboa", grita Bille Joe Armstrong a plenos pulmões, antes de arrancar com uma contagiante "99 Revolutions", single extraído de "Tré!", um dos discos da trilogia lançada no final do ano passado.
De corpo franzino e movimentos ágeis, Joe Armstrong parece ter ficado nos anos 90, fazendo-nos esquecer que já é um quarentão.
"Let's get crazy", volta a gritar, entusiasmando a multidão, que nas primeiras filas já saltava imparável, em resposta ao repto lançado.
"Oh eh, oh eh, oh eh" é uma fórmula de sucesso repetida ao longo de todo o espectáculo, ideal para excitar o público.
"Know your enemy" é uma velha conhecida dos fãs mais novos da banda, que estão mais familiarizados com os trabalhos editados nos anos zero. Um deles é mesmo convidado a subir ao palco e a fazer coro com o vocalista.
A chuva miudinha que caiu durante quase todo o dia não deu descanso durante o concerto de Green Day, mas a banda deixou o recado: "O tempo não está bom, mas é tempo de Green Day". E, de facto, o tempo foi deles.
Um dos grandes momentos da noite aconteceu ao som de "Boulevard of Broken Dreams", um dos maiores sucessos da banda norte-americana. O single foi mais cantado pelo público que pelo vocalista e acabaria por assinalar um dos momentos mais bonitos da noite.
Depois de uma "pausa" para mais um momento de loucura em "Let Yourself Go", voltaram as baladas com "Wake Me Up When September Ends" com início acústico, que levou ao delírio a multidão presente. Billie Joe Armstrong ouve o público cantar e deixa-se levar, visivelmente emocionado.
Como recompensa, a banda decide ir até ao baú e desenterrar "Burnout", de "Dookie", em homenagem "aos fãs mais antigos".
"Welcome to Paradise" culmina numa rendição de "Highway to Hell", que leva a multidão a mais um momento de êxtase coletivo, que não se dissipa com a velhinha "When I Come Around".
A banda faz de tudo para cativar a multidão. Há espaço para lançamento de tshirts, pistolas que disparam papel higiénico e até um banho de mangueira (administrado por Billie Joe) é bem visto aos olhos das primeiras filas, que esquecem por momentos o frio que se faz sentir. "Saint Jimmy" é o hino que acompanha a parafernália.
Volta a subir, então, ao palco um jovem do público, convidado a tocar guitarra. "Faz-se história na música portuguesa", proclama o vocalista que, espantado com os dotes do guitarrista improvisado, decide oferecer-lhe a sua guitarra. Mais um momento de loucura previsível surge com "Basket Case", ainda no rescaldo do momento.
Billie Joe volta ao palco, disposto a montar todo um circo ambulante em "King for a Day". É um entertainer como há poucos e não dá descanso ao público, pedindo berros, coros, braços no ar e até mergulhos do palco. A idade parece não passar por esta banda, que se desdobra em movimentos e saltos, num exemplo raro de conservação de energia no punk.
É assim que os Green Day conseguem cativar uma nova geração que nada tem a ver com a época de que contam histórias, mas que parece partilhar o mesmo sentimento de revolta.
Há crianças de tshirt oficial vestida, às cavalitas dos pais, a cantar as músicas todas. E, para os mais velhos, há covers para todos os gostos: "Shout", "Always Look on the Bright Side of Life", "Break on Through (To The Other Side)", "I Can't Get No Satisfation" ou "Hey Jude".
Antes do encore, é tempo de ouvir "Minority", com direito a acordeão e harmónica. No regresso ao palco, ouviram-se as aguardadas "American Idiot" e "Jesus of Suburbia", entoadas sem falhas pelo recinto fora.
"Estou a perder a cabeça", confessa o vocalista, por entre as vozes já praticamente roucas da multidão. As quase duas horas e meia de concerto terminariam numa nota mais suave, ao som da nova "Brutal Love".