Com a maioria dos espetadores presentes na segunda noite do Primavera Sound já a contarem os minutos para o início do concerto dos Blur, talvez os mais esperados de todo o festival, os Grizzly Bear fizeram ecoar pelo recinto a sua folk rendilhada com motivos pop. Um bom aperitivo para o que se segue.
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Há na música dos Grizzly Bear um irresistível apelo à quietude, característica que ficou por demais evidente no penúltimo concerto da noite do Palco Optimus.
Especialistas na arte da construção de atmosferas apaziguadoras, os norte-americanos não se afastaram muito do guião que trouxeram. O resultado pode ter beneficiado a coesão de um concerto, mas tornou-o também indolente em demasia, entrecortado apenas pela interpretação de um ou outro 'hit'.
A poucas dezenas de metros, no Palco ATP, os Shellac propunham um itinerário sonoro assaz diferente, alicerçado na figura lendária de Steve Albini.
Notável contador de histórias, o carismático rocker guiou os presentes por uma Chicago natal recheada de figuras quase tão marcantes como ele próprio. Conhecedores como poucos do percurso do Primavera Sound - festival do qual são praticamente banda residente, atendendo ao número de vezes que já atuaram em Barcelona -, os Shellac trouxeram a memória, não saudosista, a um festival com os olhos postos no futuro.