A imprensa espanhola destaca hoje, domingo, o debate entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, sublinhando a posição expressa pela líder do PSD relativamente ao TGV e à suposta influência dos espanhóis na política portuguesa.
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O El Mundo escreve "Manuela Ferreira Leite: Portugal não é uma província de Espanha", explicando que durante o debate a candidata social-democrata assegurou que suspenderá a construção da linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid caso ganhe as eleições.
"Não gosto dos espanhóis metidos na política portuguesa, estou a defender os interesses de Portugal, que não é uma província de Espanha", cita o jornal, adiantando que a líder do PSD esteve "exaltada" no debate.
No mesmo sentido, os jornais El País e La Vanguadia reproduzem um despacho da agência de notícias EFE, que escreve que o TGV motivou o confronto entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, relevando a promessa da social-democrata de suspender o projecto e a afirmação de que Portugal "não é uma província espanhola".
Para a EFE, a ligação do comboio de alta velocidade com Espanha produziu um dos momentos mais tensos no debate eleitoral entre os líderes dos principais partidos que vão a votos no próximo dia 27 de Setembro.
A agência espanhola destaca ainda que a líder da oposição afirmou não gostar "que os espanhóis se metam na política portuguesa" e atribui o interesse de Espanha do TGV chegar a Portugal com a possibilidade de receber mais fundos comunitários.
A agência France-Presse (AFP), por seu lado, destaca o início oficial da campanha eleitoral para as eleições legislativas, escrevendo que a duas semanas do escrutínio existe empate técnico entre os líderes dos dois maiores partidos.
Citando as sondagens publicadas ao longo da última semana, a AFP estima que nem os socialistas de José Sócrates, há quatro anos no poder, nem os social-democratas de Ferreira Leite deverão conseguir maioria absoluta na próxima Assembleia da República.
Sobre o frente-a-frente entre José Sócrates e Ferreira Leite, o despacho da AFP adianta que o primeiro-ministro português quis destacar as suas marcas de esquerda em matéria económica e social e recusou antecipar cenários pós-eleitorais.
Citado pelo New York Times, Washington Post e Chicago Post, um despacho da agência de notícias Reuters destaca as declarações em que Manuela Ferreira Leite põe completamente de parte um entendimento político com José Sócrates, revelando que não se importa de governar em minoria caso o seu partido ganhe as legislativas.
"Não estou completamente convencida que seja necessária uma maioria absoluta. Já existiram governos de minoria no passado que governaram até ao final dos seus mandatos", afirmou Manuela Ferreira Leite, enquanto que Sócrates é citado quando afirma que não se candidata contra ninguém.