<p>Houve farnel, houve almofadas, houve cobertores, houve acordeões, houve vuvuzelas. Mas não houve aquilo que os mais de dois mil portugueses que ontem foram assistir ao treino da selecção, em Magaliesburg, queriam ver. Não houve Cristiano Ronaldo.</p>
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Costuma ser da praxe: os jogadores que alinharam de início e cumpriram grande parte do jogo no dia anterior não comparecem no treino tradicional do dia seguinte - no relvado e com bola. Ficam a descansar ou a banhos no hotel. Foi o que sucedeu a dez dos títulares, com excepção de Danny.
Ainda assim, João Correia, madeirense estampado no sotaque, era um homem desolado: "Não percebo por que organizam estes treinos abertos para os dias em que não estão cá os jogadores que os adeptos mais querem ver". Com o "CR7" à cabeça.
Na realidade, o aprumo de ontem foi o segundo aberto aos adeptos e em ambas as ocasiões seguiu-se a um dia de jogo. Por isso, a regra de não convocar os mais utilizados voltou a cumprir-se, para mágoa dos muitos portugueses que se levantaram com as galinhas sul-africanas (alguns às sete da manhã) e aproveitaram o feriado nacional (ontem comemorou-se o Dia da Juventude, para assinalar a morte de Hector Peterson, criança baleada no auge da revolta anti-apatheid) para irem ver a bola de graça. O seleccionador nacional, Carlos Queiroz, sempre efusivamente cumprimentado a partir das bancadas, agradeceu o entusiasmo lusitano: "Este apoio é muito bom, mas é importante sabermos reconhecê-lo com trabalho e atitude".
Meia hora sem golos
E por falar em trabalho e atitude, diga-se que no treino de ontem, de aproximadamente meia hora, o balanço podia ser mais ou menos este: muita atitude mas poucos resultados. Isto porque, após o nulo do dia anterior frente à Costa do Marfim, a selecção continua sem marcar golos...agora nos treinos. Bolas ao poste foram em número considerável, mas nenhum dos atacantes conseguiu vencer a malapata. Nem a jogar contra franzinos sul-africanos.
Danny, curiosamente, o único dos que alinharam a titular no jogo de estreia dos "navegadores", foi dos mais interventivos, com sucessivos "raides" por entre a defesa adversária. Tiago, Simão e Ruben Amorim, utilizados poucos minutos na véspera, pisaram igualmente o relvado do outrora estádio de criquete.
Quanto ao resto, treino leve, festa rija. Ronaldo não foi, mas o povo cantou em sua homenagem: "Deixai passar esta linda brincadeira que a gente vamos bailar p'ra gentinha da Madeira".