No Gato Fedorento, Jerónimo de Sousa mostrou o seu lado mais simples e humorístico, aliás já evidenciado nas arruadas da campanha eleitoral.
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No programa "Esmiuça os sufrágios", transmitido em directo pela SIC e conduzido por Ricardo Araújo Pereira, o candidato pela CDU submeteu-se às perguntas mais provocatórias, mas saiu-se bem e deu respostas que suscitaram gargalhadas. "Mesmo que visse a Zita Seabra a atravessar a rua, nem que fosse acompanhada pela Ferreira Leite, pela Nogueira Pinto e pelo Santana Lopes, parava o carro e fazia um gesto delicado para passarem", disse sobre os adversários de direita, naquela que foi a última resposta depois de dez minutos de tempo de antena.
Em tom informal, sem gravata, parecia nervoso nos primeiros instantes, mas depois soltou-se. Disse que anteontem à noite, depois do mega comício na cidade do Porto, ainda teve tempo para ir a casa ver os netos, aproveitando a deixa para contar uma história curiosa: "Uma característica própria que tenho é a empatia com as crianças. A minha neta viu-me na televisão com uma criança e disse à mãe, 'aquele comunista é meu, não é dela'. Sorrisos, claro.
Num desafiar à memória, Jerónimo de Sousa ultrapassou as rasteiras de Ricardo Araújo Pereira e até contou como foi o primeiro dia na Assembleia da República como deputado, em 1975: "Um velho contínuo chamou-me doutor e isso era uma ofensa para um metalúrgico". O agora candidato pela CDU respondeu-lhe que não era doutor. "O homem disse-me 'desculpe senhor engenheiro". Ora isso serviu para o apresentador recuperar a rábula em torno de José Sócrates, dizendo que "há quem chame engenheiro a quem não é engenheiro". Mais sorrisos. "O facto de eu ter vindo de uma fábrica metalúrgica não cabe em muitas cabeças", concluiu.
Mas há outros aspectos que não lhe cabe na cabeça. "Mário Soares meteu o socialismo na gaveta, Guterres fechou-o a sete chaves e Sócrates foge dele", disse, sublinhando que o Partido Comunista "há-de lá chegar", apesar de ter sido confrontado com as saídas de alguns militantes. Não tremeu: "É um grande partido, na Soeiro Gomes sai um, se calhar, até saem dez. Mas, desde Janeiro até agora, já entraram mil", sublinhou, traçando a realidade do país: "Alguns tios de Cascais já não eram o que eram, estão endividados".
Confrontado sobre qual os países escolheria para viver - a Dinamarca, a Suécia ou a Coreia do Norte - deu uma resposta... política: "Apesar dos estragos que fizeram a este país, como sou um caso perdido, vou continuar a amar portugal". Depois, saiu dos estúdios rumo a Santa Iria da Azóia, onde tinha agendado mais um comício. Já estava tudo, tudo esmiuçado....