Líder comunista diz não acreditar que o PCP seja a quarta força política.
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Jerónimo de Sousa ouviu de tudo ontem em Lisboa: queixas, promessas de voto, elogios à sua prestação televisiva. E isso, afirmou, é mais importante do que as sondagens: "Dão sempre a CDU para baixo. Têm cá uma pontaria", ironizou.
Um dos doentes que perdeu a visão na sequência de um tratamento no hospital de Santa Maria queixou-se ao cabeça-de-lista da CDU às eleições legislativas da falta de atenção por parte de Cavaco Silva e José Sócrates. "Era bonito uma palavra de apreço, de carinho, por parte do Presidente da República ou do primeiro-ministro", lamentou Américo Palhora durante uma arruada, em Benfica, para depois se comprometer a votar em Jerónimo de Sousa.
O homem, que perdeu a vista esquerda depois de ter sido operado no serviço de Oftalmogia do Hospital de Santa Maria, admitiu que não vota há vários anos, situação que irá inverter no dia 27. "Vou votar na CDU, pode ter a certeza. Mesmo cego ainda consigo lá pôr a cruz", disse. Mas este lamento não foi o único que o líder comunista ouviu ontem.
Um ex-combatente em Moçambique queixou-se de não receber reforma e o secretário-geral do PCP pediu-lhe que entregasse documentação relativa ao seu problema no grupo parlamentar do partido. Depois, o candidato ainda ouviu um elogio, a propósito da sua participação num programa televisivo em que mostrava a sua vida privada: "Gostei muito de o ver lá com a sua esposa".
No contacto com a população, o candidato comunista diz receber sempre palavras de incentivo, mesmo de pessoas "que não são do PCP nem do PEV" ou mesmo "de regiões onde antes, quando se ouvia falar dos comunistas, só faltava tocar o sino da igreja". São pessoas que lhe dizem que "o PCP tem que pesar mais".
São estes argumentos de Jerónimo de Sousa usa para desvalorizar as sondagens conhecidas nos últimos dias e que colocam a CDU como quarta força política, atrás do Bloco de Esquerda. "Estas sondagens dão sempre a CDU para baixo. Têm cá uma pontaria. Nunca apresentam o resultado que depois se verifica nas eleições. É uma coincidência exagerada", ironizou Jerónimo de Sousa, para depois deixar uma crítica às empresas que realizam sondagens. "Bem precisavam de recuperar alguma credibilidade que têm vindo a perder".
O candidato tem insistido que o resultado não é definitivo e vai sendo construído nas duas semanas que faltam até às eleições. A visita ao distrito de Lisboa prosseguiu com uma visita à Festa das Sopas, em Caneças, e um jantar no Vimeiro, Lourinhã.