<p>Viajou num comboio de alta velocidade entre Paris e Bruxelas e criticou as reservas de Ferreira Leite.</p>
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Foi um José Sócrates em campanha pelo comboio de alta velocidade que viajou, ontem, entre Paris e Bruxelas a bordo do célebre TGV. Diz que Ferreira Leite perdeu "credibilidade". Desistir do TGV é "isolar" o país, advertiu.
Um almoço com um grupo de portugueses residentes no estrangeiro levou o secretário-geral do Partido Socialista a Paris. Uma acção de campanha para as eleições legislativas, que não durou mais de um par de horas, foi o "pretexto" para viajar de comboio de alta velocidade entre as capitais francesa e belga, já que ao final do dia José Sócrates voltava a "vestir a pele" de primeiro-ministro para representar o país numa cimeira europeia.
Um hotel de luxo, junto aos Campos Elísios, em Paris, foi o espaço escolhido para José Sócrates falar com um grupo de cerca de uma centena de emigrantes portugueses.
Num discurso de dez minutos, o líder dos Socialistas puxou da experiência de primeiro-ministro. Invocou os feitos da presidência portuguesa da União Europeia, em 2007 e, sobre as perspectivas económicas, disse que o fim da crise ainda não chegou, mas chegou o "princípio do fim".
Na principal estação de comboios parisiense, Sócrates foi brindado por antigos colegas, agora embaixadores na capital das luzes: o antecessor na liderança do partido Ferro Rodrigues, o antigo ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho e o ex-secretário de Estado Francisco Seixas da Costa, fizeram questão de ir cumprimentá-lo.
Já no comboio de alta velocidade é um Sócrates descontraído que conversa com os jornalistas em tom quase informal. "Eu gosto de comboios e gosto de velocidade" anuncia o líder socialista, "já fiz esta viagem, Paris Bruxelas, muitas vezes". "É um bom meio alternativo que ia mudar o nosso país", defende.
De microfone aberto, Sócrates, contrai e assume a crítica incisiva à líder da oposição. Lembra que foi Manuela Ferreira Leite, enquanto ministra do Governo de Durão Barroso que lançou o projecto. Sócrates diz que "não se faz" "nem com o país nem com os outros países", o recuo de opinião é um "problema de credibilidade". "O que não aceito é que alguém só porque vai para a oposição mude de ideias. Não estamos a falar de um problema de alta velocidade mas sim de credibilidade". "Ainda por cima, vir-se invocar a ideia de que queremos fazer alta velocidade em Portugal para servir Espanha, estamos no domínio do insulto", concluiu.
O líder socialista assumiu que a vigem de comboio de alta velocidade não foi uma "coincidência", foi sim "uma boa ideia", disse, a propósito do debate que ter havido em torno da questão.
Sócrates defende que seria um "erro estratégico" Portugal aceitar a "condição de país periférico", por isso precisa de uma "rede logística" para o "ligar aos mercados" do centro da Europa e para "integrar" o país na "economia global".
Sobre se os cofres do Estado têm de facto ou não para pagar tal obra pública, Sócrates responde que é "nas alturas de recessão que os estados devem fazer os investimentos, ou até antecipá-los, de forma a responder às necessidades de emprego", concluiu.