Passavam 20 minutos da meia-noite quando Santana Lopes não pôde adiar o inevitável, deixando para trás quatro horas de muitas contas e nervos: assumir a derrota eleitoral. O social-democrata deixou ainda no ar a dúvida se irá ser vereador.
Corpo do artigo
Quando ainda faltavam apurar os resultados de quatro freguesias em Lisboa, Pedro Santana Lopes avançou para o palanque e admitiu a derrota nas eleições autárquicas. A coligação Lisboa com Sentido (PSD, CDS-PP, MPT e PPM) não foi além dos 38,69%; ainda assim, bem mais do que os 20,48% resultantes da soma de todas aquelas forças nas intercalares de 2007.
Justificando a derrota da coligação de Direita com o "voto útil", que terá desviado os eleitores comunistas para António Costa, o social-democrata admitiu que está "inclinado" a aceitar o mandato de vereador. Mas não deu certezas: "Quero ponderar e anunciarei, muito brevemente, se irei exercer o cargo de vereador".
"Admito exercer o cargo de vereador, quer o PS tenha a maioria absoluta quer não tenha (ainda não eram conhecidos os resultados finais), é absolutamente indiferente. A minha inclinação, neste momento, é vir a exercer esse cargo", explicou, desenterrando o fantasma daquilo que foi a vereação do PSD, nos últimos dois anos, com Margarida Saavedra a ser a única a colmatar o 'campeão' de faltas Fernando Negrão.
Numa noite de muitos nervos e silêncio - que começou a imperar logo que foram anunciados os primeiros dados provisórios com o bater das 20 horas -, Santana Lopes justificou a demora em assumir o resultado com a necessidade de analisar o que classificou de acordo entre "CDU e PS".
"Quem teve um contributo político decisivo nesta vitória foi a CDU e muitos dos eleitores das assembleias de freguesia, que votaram CDU e que se deslocaram em número de 11 500 para a lista da Câmara Municipal do PS. Só assim se entende o que aconteceu, para além dos méritos próprios da candidatura do PS", disse, perante uma plateia onde pontuavam as ex-vereadoras do seu mandato Eduarda Napoleão e Helena Lopes da Costa, que contrastavam com a ausência de rostos da liderança nacional do PSD.
Depois de quatro horas de um vaivém constante entre o calor infernal da sede de campanha e o escritório no Príncipe Real, onde ia acompanhando os resultados pelas 53 freguesias, Santana criticou "a gravidade inaceitável da discrepância entre as sondagens e os resultados".
Quanto à disputa da liderança do PSD foi lacónico: "Faço tenções, nos próximos tempos, de me dedicar aos assuntos de Lisboa, aos meus assuntos profissionais e aos assuntos da minha família, não a assuntos partidários".