<p>Francisco Louçã teve de voltar a falar dos PPR. Para explicar que chegou a adquirir o produto, mas depois se arrependeu. Garantiu não ter falado do assunto, porque o BE defende "interesses públicos e não os privados".</p>
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O líder do Bloco de Esquerda, desvalorizou o facto de já ter subscrito um Plano de Poupança Reforma, depois de o jornal Expresso ter, ontem, revelado que Louçã e mais quatro dirigentes do partido investiram em PPR.
O coordenador do BE reconheceu ter investido 30 mil euros em PPR, esclarencendo que mais tarde alterou a modalidade. "Tenho dito sempre o mesmo e nunca mudei de opinião. Já há cinco anos votei contra os benefícios fiscais destes produtos", salientou, explicando por que optou depois pelos certificados de reforma públicos: garantem 8%, enquanto os PPR privados "dão zero".
Louçã reafirmou que toda a controvérsia acaba por lhe dar razão: "É um favor que me fazem, ao dizerem que a minha poupança de uma vida inteira são 30 mil euros. Dou aulas de graça na universidade pública e defendo o interesse dos contribuintes e não o meu próprio interesse".
Questionado sobre se esta notícia não põe em causa o seu discurso de campanha, onde tem referido por diversas vezes os PPR, Louçã respondeu secamente: "Acha que o facto de eu ser pelos transportes públicos me impede de ter automóvel privado?".
De tarde, no comício, em Sintra, que juntou cerca de 300 pessoas, avisou que o défice público, no final de 2009, será de "dez mil milhões de euros" e apontou novas baterias ao PS e PDS: "Isso não se discute nesta campanha. É a prova que não querem discutir o que vão realmente fazer". O candidato lembrou ainda que as maiores "batalhas na reorganização orçamental", serão travadas na saúde. "As parcerias público-privadas são o caminho para a privatização e significarão um prejuízo orçamental enorme".
Miguel Portas, presente no comício, disse que só uma grande votação no BE pode evitar a reedição da "tragédia" do Bloco Central dos anos 80. "Estamos a estragar o jogo dos que dizem: agora governo eu, agora governas tu, agora ambos. Está a acabar-se o tempo dos dois partidos do meio".