<p>Da cartola do PSD saíram dois coelhos, Marcelo e Rangel, que compensaram o regresso da presidente à melopeia do programa eleitoral. Para Rebelo de Sousa, já não basta ganhar, mas urge ter uma vitória "larga" e "forte".</p>
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Foi um professor de Lisboa o palestrante vedeta na aula de Coimbra, pedindo mais ambição para a recta final da campanha, animando, em termos de retórica, um dia que, além de uma boca do regressado Paulo Rangel, apenas tinha valido pelo sucesso da mobilização popular em Coimbra e na Figueira da Foz. "O combate dos próximos dias tem de ser mais arrojado e mais ambicioso", disse Marcelo Rebelo de Sousa, para quem "é essencial que a vitória de Manuela Ferreira Leite seja larga, forte, com as melhores condições para governar Portugal".
Era aos indecisos, cerca de dois milhões, que Marcelo piscava o olho, depois de o ter feito à líder, que saudou com uma nota de gratidão: "Eu tenho memória, e recordo que esteve ao meu lado em momentos difíceis para o PSD e para Portugal. Hoje, é a minha vez de estar ao seu lado".
Numa sessão que juntou algumas centenas de pessoas, Marcelo traçou ainda vários cenários que podem sair do sufrágio de dia 27. Argumentou, por exemplo, que votar à Esquerda, na CDU ou no BE, significa manter um primeiro-ministro enfraquecido, "a vegetar", pelo que a única opção, para quem queira desalojá-lo, é votar PSD.
Manuela Ferreira Leite não teve o fulgor da véspera, em Aveiro. Desfiou os temas programáticos, da mesma forma que o tem feito todos os dias, e voltou, embora de forma menos vibrante, à temática do medo que diz existir em toda a sociedade portuguesa. Foi sobre o medo que Paulo Rangel, visto por muitos como uma espécie de salvador da pátria laranja, devido ao resultado que obteve nas eleições europeias, conquistou protagonismo, graças a uma declaração sonante mas inconsequente: comparar José Sócrates a Hugo Chávez.
De novo a questão da asfixia democrática, relançada na véspera pela líder. "Este clima de medo e de intimidação nunca existiu em Portugal, depois do 25 de Abril, e é um legado do engenheiro Sócrates", disse o eurodeputado, que apareceu pela primeira vez junto à líder numa arruada em Coimbra. Embora tais frases não passem de "sound bytes", permitem ao PSD assumir protagonismo, dando a Sócrates a desconfortável tarefa de reagir, algo com que Ferreira Leite tivera dificuldades nos dias precedentes, dizendo desconhecer notícias que poderiam ser-lhe incómodas.