64 jogos depois, acabou o primeiro Mundial organizado por um país africano. Foi a "copa" da Espanha, de Diego Forlán e de várias situações insólitas. Desde as vuvuzelas, a uma modelo paraguaia, aos beijos de Maradona aos jogadores e a um polvo adivinho.
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Alemanha. Foi o melhor ataque da prova, com 16 golos. Despachou Inglaterra e Argentina, mas não teve capacidade para bater a Espanha, nas meias-finais. Ainda assim, o terceiro lugar foi merecido e é um dos candidatos a vencer em 2014. Nomes como Khedira, Müller e Özil afirmaram-se de vez como grandes jogadores.
Brasil. Tal como em 2006, o "escrete" foi eliminado nos quartos-de-final. Dunga foi sempre um treinador polémico, chegou a insultar jornalistas em conferências de Imprensa e insistiu sempre em Felipe Melo, um jogador que perde a cabeça com facilidade e que acabou o Mundial expulso. E Dunga já nem é seleccionador brasileiro.
Cristiano Ronaldo. Disse que queria explodir e que os golos eram como o Ketchup: quando saía, saía tudo de uma vez. Apenas marcou um golo e foi uma das maiores desilusões do Mundial. A frase "falem com o Queiroz" mereceu-lhe várias críticas, por ser capitão de equipa.
David Villa. Foi a grande figura da selecção espanhola. Os cinco golos que apontou transformaram-no no melhor artilheiro de sempre da Espanha em fases finais de Mundiais, ultrapassando Raul. Villa confirmou, de vez, ser um dos melhores avançados da actualidade.
Espanha. Era a grande favorita ao título e confirmou o estatuto. Perdeu o primeiro jogo, com a Suíça, assustou os adeptos, mas não caiu. A partir dos oitavos--de-final, ganhou os jogos todos por 1-0, incluindo a final. Dois anos depois do título europeu, a Espanha confirma-se como a melhor selecção.
Forlán. Desde "Toto" Schillaci, em 1990, que o melhor jogador do Mundial não chegava à final. Diego Forlán ganhou a Bola de Ouro, símbolo de melhor futebolista da prova. Numa equipa sem estrelas, o uruguaio provou ser um jogador de outra galáxia e que é avançado a mais para o Atlético de Madrid.
Gyan. Asamoah Gyan teve nos pés a passagem do Gana às meias-finais, algo que nunca uma selecção africana conseguiu. Com o Uruguai, no último minuto do prolongamento, atirou à trave. E o Gana acabou eliminado no desempate por grandes penalidades...
Holanda. Foi das selecções mais sobrevalorizadas da prova. Pouco ou nada se falou sobre a Holanda, até eliminarem o Brasil nos quartos-de-final. Verdade seja dita, o futebol holandês era mais eficaz do que empolgante. Ainda assim, o país chegou à terceira final de um Mundial. E perdeu de novo.
Iniesta. É o jogador dos golos importantes. Foi Iniesta quem pôs o Barcelona na final da Liga dos Campeões, há dois anos, e foi o catalão quem deu o título de campeã mundial à Espanha. A campanha espanhola ficou relacionada com a subida de forma de Iniesta.
Jabulani. Nunca uma bola foi tão comentada, falada e criticada. Os jogadores chamaram-lhe de tudo. Desde "horrorosa" a ser uma bola de supermercado. Tudo devido às trajectórias imprevisíveis que faz depois de rematada. Vários guarda--redes foram traídos pela Jabulani.
Klose. Os quatro golos que marcou tornaram no alemão no segundo jogador de sempre com mais golos em Mundiais. Tem 14, menos um do que o brasileiro Ronaldo. Ultrapassou mitos, como Pelé e Gerd Müller. Será difícil bater o recorde em 2014.
Larissa Riquelme. Uma foto com as cores do Paraguai, com um telemóvel no decote, mudou a vida desta modelo paraguaia. Transformou-se na "namorada do Mundial" e prometeu despir-se se o Paraguai ganhasse à Espanha. Não ganhou, mas tirou a roupa na mesma, numa produção com a bandeira paraguaia.
Maradona. Igual a si próprio. Mandou Pelé para um museu, beijava os jogadores até mais não, disse que o auxiliar do Espanha-Portugal "devia ser o Andrea Bocelli". Diego Maradona foi o escolhido para levar a Argentina à final. A equipa prometeu muito, mas as carências como treinador ficaram à vista com a Alemanha. Nem Deus o ajudou.
Novas tecnologias. O dia 27 de Junho marcou o regresso da discusão sobre a introdução das novas tecnologias no futebol. Primeiro, ficou um golo por validar à Inglaterra contra a Alemanha; depois, a Argentina colocou-se em vantagem ante o México num golo marcado num fora-de-jogo inacreditável.
Olegário Benquerença. Tornou-se no oitavo árbitro português a apitar num Mundial e o primeiro a dirigir três jogos. Mostrou--se em grande plano no Japão-Camarões, Nigéria-Coreia do Sul e Uruguai--Gana, este dos quartos-de-final. Aqui, marcou uma grande penalidade no último minuto do prolongamento.
Polvo Paul. O molusco do aquário Sea Life, em Oberhausen, na Alemanha, transformou-se na grande figura do Mundial. Adivinhou os resultados dos sete jogos da Alemanha (incluindo as derrotas com Sérvia e Espanha) e previu a Espanha como campeã mundial. As previsões de Paul chegaram a merecer directos das televisões!
Queiroz. A prestação da selecção nacional colocou o seleccionador debaixo de fogo. Portugal deixou a imagem de uma equipa que arriscou muito pouco. A substituição de Hugo Almeida por Danny, no jogo com a Espanha, foi a gota de água para os adeptos portugueses. Portugal caiu nos oitavos-de-final e podia ter feito muito mais...
Relvados. A prova até se realizou no Inverno, mas o estado dos relvados deixou muito a desejar. Várias vezes a FIFA proibiu as selecções de treinar no palco de jogo, para poupar os relvados.
Sneijder. Depois de uma época fantástica, com a vitória pelo Inter na Liga dos Campeões, confirmou ser um dos melhores jogadores do Mundo. Levou a Holanda às costas durante a primeira fase e acabou, justamente, por ser um dos melhores marcadores da prova.
Thomas Müller. Aos 20 anos, foi considerado o melhor marcador do Mundial, com cinco golos e foi eleito o melhor jogador jovem. A importância de Müller foi tão grande, que a Alemanha se ressentiu no jogo com a Espanha e ficou sem a final.
Uruguai. Campeão do Mundo em 1930 e 1950, o Mundial 2010 marcou o regresso do Uruguai. A selecção celeste não ia às meias-finais desde 1970. Foi a equipa revelação da prova. Algo fantástico para um país com pouco mais de três milhões de habitantes.
Vuvuzelas. O som ensurdecedor das cornetas sul-africanas deixou todos os cabelos no ar: jogadores, treinadores e adeptos. Várias televisões filtraram o som das vuvuzelas para evitar mais perturbações. E a moda pegou por todo o Mundo. Este Verão, vários festivais de música proibiram a entrada de vuvuzelas! Foi o símbolo do Mundial.
Xavi. Foi preciso ser eleito o melhor jogador do último Europeu para todos repararem no óbvio: é um dos melhores jogadores do Mundo. Na África do Sul, Xavi voltou a cotar-se como um dos grandes craques do Mundial e uma peça fulcral da Espanha. Del Bosque não prescindiu dele por um minuto.
Yoann Gourcouff. O jogador da França foi uma das maiores desilusões da prova. A França foi a anedota do Mundial. Três jogos, um empate, duas derrotas, um golo marcado, greve aos treinos, um jogador (Anelka) expulso pela Federação por insultar o seleccionador (Raymond Domenech). Até Thierry Henry teve de se explicar ao presidente Nicolas Sarkozy.
Zero. Honduras e Argélia foram as únicas selecções que não marcaram qualquer golo na prova. E, pior do que isso, nunca mostraram capacidade para tal. O máximo que a selecção argelina conseguiu, em 270 minutos de futebol, foi um remate à trave. Que grande falta de pontaria...