Falam com um brilho nos olhos que não advém dos 1700 euros líquidos que auferem por mês. São oito, são jovens professores de Português na África do Sul, e têm uma mensagem para os que pensam em dar o salto: venham ter com eles.
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O JN juntou, numa divisão do imponente edifício da embaixada portuguesa, em Pretória, um grupo de jovens docentes da língua de Camões. Durante 20 minutos, conversou-se de tudo. Começou a falar o nono elemento, Armindo Boto, coordenador do ensino do Português na África do Sul, Suazilândia e Namíbia. "Há 33 docentes na África do Sul, cinco na Namíbia e dois na Suazilândia". Motivação: "São várias. Não será pelo dinheiro, é mais pela aventura", contemporiza.
Eles são de várias regiões do longínquo Portugal: Vila Real (Lisa), Montijo (João), Moura (Miguel), Santarém (Vera), Guimarães (Carla), Santa Comba Dão (Fátima e Pedro) e Sabugal (Paula). Integram a diminuta comitiva de 33 docentes que ensina o Português no país do Mundial de futebol. Ao todo, há 3500 alunos a aprender a língua, 600 dos quais não lusitanos.
São mais os dias bons do que os maus. "Apoiamo-nos uns aos outros", sublinha Lisa Varela. Juram a pés juntos que já passaram a fase do medo da insegurança, apesar de, recentemente, ter havido um grupo de professores que desistiu de leccionar no país. "As coisas não são bem como as pintam", atira a vimaranense Carla Ferreira.
A verdade, porém, é que há falta de docentes no território. Há horários que ninguém preenche. E nem as ajudas que passaram a receber desde 2009 (viagem paga, subsídio de instalação e passaporte especial) vieram alterar o panorama. Por isso, insistem na mensagem: "Venham, vale a pena". Mesmo que recebam em euros e estejam à mercê dos caprichos da variação cambial.