Patrick Gonçalves diz que o líder centrista defende quem trabalha e os polícias. E não é extremista.
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A surpresa veio no fim da arruada na "Baixa" do Porto. Um francês de Nice nunca pensou encontrar Paulo Portas, líder do CDS, à entrada do restaurante Abadia. "Se há português de quem eu gosto é ele", sublinhou Patrick Gonçalves, polícia reformado a viver há um ano e meio com a mulher, Rosa, portuguesa, em Fornelos, Fafe. E Patrick quer filiar-se no CDS. "Só estou à espera de obter dupla nacionalidade", afiançou, antes de perguntar directamente a Portas o que tem de fazer para se tornar militante. "Dê-me o seu número. Um deputado do CDS vai contactá-lo", afiançou Paulo Portas. "Gosto das ideias dele. Defende quem trabalha e os polícias. E não é extremista", explicou o gaulês.
Um impulso adicional após a arruada de Paulo Portas na Rua de Santa Catarina. Mais abraços e beijos. Percalço: junto a Passos Manuel, uma vendedora ambulante não gostou de ver o candidato. "É contra os pobres. Ladrão! Tiraram-me a casa", berrou, fazendo com que os gritos de "Portas!, Portas!" da Juventude Popular subissem de tom imediatamente. Mas barulho, barulho, fizeram os sete homens da Associação S. Gonçalo. Atravessaram o rio directamente de Gaia para, com quatro bombos e três caixas, emprestarem um colorido sonoro bem carregado à passeata da comitiva do CDS. Quase a preço de saldo: 15 euros por homem.
"Vem mesmo a calhar, precisamos de juntar dinheiro", observou Fernando Cunha, 52 anos, tocador há 45 anos. "O material é muito caro", atalhou logo o pai, Mário, 77 anos.
As sucessivas campanhas vieram mesmo a calhar. A agenda fica mais preenchida e os cofres sempre vão recebendo mais uns euros. "Andamos com qualquer partido, o que interessa é que a massa entre", resumiu Mário Cunha. Para breve está uma arruada com o PSD. Pode ser que, ao acompanhar tantos partidos, Filipe Manuel, 30 anos, dois meses de tocador, se decida: "Logo se verá em quem vou votar".
Mário Cunha, sorriso permanente, gosta mesmo é de festa. Mais de seis décadas na associação, na qual é um dos mordomos, dão-lhe força ao discurso: "É difícil arranjar um gajo como eu! É preciso ter gosto nisto, ou andam aqui 15 dias e vão logo embora". Algum segredo? "É preciso saber fazer a finta de corpo para as raparigas".