Entrou para a Juventude Socialista (JS) aos 14 anos, após a campanha de 1979 em que a Frente Republicana e Socialista (FRS) - constituída pelo PS, pela Associação Social-Democrata Independente (ASDI) e pela União da Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS) - perdeu as eleições para a Aliança Democrática do PPD/CDS e PPM.
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Fez de tudo um pouco no partido e, em 1995, assumiu a coordenação da campanha em que António Guterres foi eleito, pela primeira vez, primeiro-ministro. Desde então, já lá vão quase 20 anos, é Rui Pereira, 45 anos, actual vereador do PS na Câmara de Sintra e candidato a deputado por Lisboa, o responsável por todas as caravanas socialistas. Por estes dias, quem o quiser encontrar, tem de o procurar a bordo de uma carrinha preta, Ford Xmax, que abre a caravana do PS em circulação pelo país. É ele o maestro do percurso e as suas batutas são um rádio e dois telemóveis, quase sempre a tocar, para acertar pormenores e dar indicações sobre a melhor forma de chegar aos sítios.
São três as suas principais preocupações: o candidato, os eventos e os jornalistas. "Não posso correr o risco de ter um evento sem uma televisão, uma rádio ou um jornal", diz, admitindo que a caravana está organizada para garantir que os jornalistas (às vezes chegam a ser 40, entre jornalistas e técnicos) "têm todas as condições para trabalhar": há um autocarro equipado e transformado em sala de imprensa ambulante (tem fichas para carregar computadores e telemóveis, impressoras e até uma máquina de café) e pessoas disponíveis para conduzir os carros dos jornalistas, sempre que a pressão da agenda não lhes permite chegar a horas aos sítios.
Na volta pelo país - Sócrates vai correr todos os distritos, à excepção da Madeira - é sempre o carro de Rui Pereira que encabeça a caravana. À sua frente, com cerca de uma hora de antecedência, saem apenas duas pessoas para confirmar se está tudo a postos no local para a chegada do líder e três carrinhas identificadas da JS, responsáveis pela distribuição do material de campanha: bandeiras, bonés, sacos de pano e brindes, essenciais para criar a necessária atmosfera de festa durante a acção de rua.
A campanha começou a ser organizada há cerca de dois meses, em articulação com as concelhias e federações. Daí que, por estes dias, o ideal de Rui Pereira é "não fazer nada", o que significa que "a máquina está oleada" e que a coordenação funciona. É visível a cumplicidade que existe entre os elementos da caravana - ao todo, cerca de 100 pessoas, incluindo jornalistas - fruto de muitos anos de trabalho em comum. A todos, o maestro trata com simpatia e, quase sempre, despede-se com o seu emblemático "Até jazz".