Um pequeno ponto no mapa mundo ganha em Londres o prémio para o "melhor local para celebrar casamentos". Entre castelos e palácios da Grã-Bretanha ou ilhas paradisíacas no Índico ou Pacífico, o prémio vai para Vidago. Bem vindos ao Vidago Palace, o renovado hotel de cinco estrelas que a 5 de Outubro de 1910 o rei D.Manuel II só não inaugurou porque foi proclamada a República.
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Imagine-se um casamento cheio de "glamour". Algo imaginável apenas para príncipes e princesas. Normalmente tão distante que só a imaginação lá chega... É sempre assim? Voltemos ao princípio. Londres, 2014. Nos prémios de turismo mundiais há uma categoria para "Melhor hotel para casar". Pensa-se obviamente nos maiores hotéis do globo. Só que um hotel para um momento tão importante tem de ter algumas características específicas. Por exemplo, um ambiente romântico, acolhedor, capaz de se transformar para aquele evento. Por isso mesmo com a dimensão ideal para ficar com metade dos quartos ou a totalidade para a cerimónia e seus convidados. Com todos os detalhes para os pequenos pormenores. Com um grande salão para a boda mas também maravilhosos jardins para as fotografias. E depois espaço para uma festa memorável a correr pela noite fora.
Perante estas características, o que decidiu o júri? O Vidago Palace, de Portugal. Nem mais. Porque entre todas as características atrás apontadas, há por ali algumas outras, extraordinárias: o traço da história de um Palácio-Hotel com mais de 100 anos e toda uma arquitetura "belle-epóque" na definição dos grandes espaços, na presença das madeiras, mármores e tapetes que marcaram uma época. Ainda por cima o Vidago Palace foi totalmente reconstruído e reaberto em 2010 através de um investimento da Unicer de 50 milhões de euros dos quais 30 no hotel e 20 em tudo o que está em redor - jardins, campo de golfe e SPA.
Desde há quatro anos que este hotel de cinco estrelas integra o clube dos "Leadings Hotels in World", ou seja, faz parte de uma elite mundial onde estão os melhores palácios e castelos do mundo. Daí que não seja de surpreender que Vidago tenha ganho este prémio mesmo concorrendo com alguns palácios ingleses e suíços ou com a muito badalada ilha do fundador da Virgin, Richard Branson, a Necker Island, com o seu luxuosíssimo hotel.
Outras das razões para tornarem Vidago tão especial - mesmo fora de casamentos, obviamente - é a sua dimensão intimista, apesar de ser um Palácio imponente. Tem apenas 70 quartos mas está repleto de recantos que fazem o visitante viajar no tempo. Não apenas o grande salão de jantar mas também os sofás para passar a tarde no bar a ler, acompanhados de scones ou bolos, chás ou, claro, água Vidago. Mas os seus trunfos principais assentam, além disso, numa natureza intensa que casa bem com um campo de golfe de 18 buracos capaz de atrair jogadores de toda a Europa, sobretudo nas épocas onde a neve não deixa jogar. "O nosso maior obstáculo é a falta de voos diretos", comenta Rui Lopes Ferreira, vice-presidente da Unicer. Uma escola de golfe dinamarquesa, por exemplo, era frequente em Vidago enquanto houve o voo direto da SATA entre Copenhaga e Porto. Quando este voo acabou os dinamarqueses deixaram de vir mesmo bastando fazer uma escala em Frankfurt.
O SPA é outra das grandes apostas do projeto porque complementa a oferta mais masculina do golfe ou dos desportos aventura com os tratamentos de beleza e de relax mais fortes no segmento feminino (embora cada vez com mais homens a fazê-los também).
O Vidago Palace, uma pérola a quem faltou apenas o brasão real pela extraordinária história de ter tido inauguração marcada para 5 de Outubro de 1910, dia em que o rei D. Manuel II iria á localidade transmontana. E, como se sabe, nesse dia acabou por ir para a Ericeira rumo ao Brasil, marcando o fim da monarquia portuguesa. Essa nostalgia parece ter ficado. Mais de cem anos depois, chegar ali é mergulhar num local fora do tempo.
A verdadeira surpresa chamada Pedras Salgadas
A menos de 10 quilómetros de Vidago, outro cenário, outra história. Pedras Salgadas, uma vila com um parque termal que é a principal marca daquele território, suscitou um outro posicionamento estratégico por parte da Unicer. Em vez de apostar numa unidade de alojamento clássica (hotel, estalagem, etc...), encomendou ao arquiteto Luís Rebelo de Andrade um conjunto de casas de madeira espalhadas pelo parque. Com as joias da coroa: umas notáveis "casas da árvore", ou seja, casas de madeira com a cama virada para as copas das árvores e tetos com claraboias a desvendar estrelas. Deitado, se olhar em frente vê as folhas das árvores e os pássaros, ouve os seus sussurros. Se olhar para cima o céu por entre os ramos e a folhagem.
Apesar de serem as casas mais pequenas, são as mais caras e as mais procuradas (mais de 200 euros por noite em média, dependendo da época do ano). Como se percebe, aqui o segmento de mercado é diferente do de Vidago. Escapadas românticas a dois mas igualmente idas em família, sobretudo de casais com filhos pequenos. Uma oportunidade para fins-de-semana ou férias sem um custo tão elevado (menor do que alugar dois quartos).
A juntar a um parque com oito quilómetros de trilhos para andar a pé ou de bicicleta há a rainha do investimento: a recuperação das Termas de Pedras Salgadas, um balneário antigo entregue a Siza Vieira e que é hoje uma requintada instalação termal que mais parece um SPA. Com a mais-valia do "duche-vichy" ou da banheira de hidromassagem ambos realizados com a terapêutica Água das Pedras. Tudo envolvido num irrepreensível esmero de pedras nobres e uma claridade serena que coloca de imediato o aquista num outro estado de alma. O trunfo: o toque arquitetural de Siza Vieira na recuperação do centro termal numa mistura entre o clássico e o moderno.
Os bungalows de Pedras Salgadas estão incluídos na rede mundial "Design Hotels", o que ajuda a atrair clientes internacionais. O investimento de 20 milhões de euros na sua recuperação permitiu ainda colocar a vila transmontana no mapa internacional de arquitetura graças aos prémios de "Melhor Edifício do Ano" em 2012 e 2013.
Tanto Vidago como Pedras têm uma procura que é, grosso modo, dois terços nacional e um terço estrangeira. O objetivo é chegar aos 50/50. Está a pouco mais de uma hora do aeroporto do Porto e começa a inserir-se nas rotas que os visitantes low-cost incluem nas viagens por Portugal quando alugam um carro e rumam pelos extraordinários recantos do país. Vidago e Pedras estão à venda também nas principais cadeias de estadias, como por exemplo o booking.com - que a qualquer altura permitem conhecer quanto custa lá ficar e quais as opiniões dos clientes anteriores.