O 25 de Abril, símbolo da liberdade em Portugal, é o nome de um dos clubes do regime norte-coreano. Asfixiados pela ditadura, os jogadores não estão autorizados a contactos com os órgãos de informação e estão sempre vigiados pela "secreta".
Corpo do artigo
Todos na bancada procuram por jornalistas norte-coreanos a fazer a cobertura do treino do adversário de hoje de Portugal. Não há. A selecção que esta tarde defronta a equipa das quinas é uma das que suscita maior curiosidade entre os repórteres presentes no Campeonato do Mundo, porque o mistério intensifica o apetite. Mas a informação sobre a equipa da Coreia do Norte é um mistério completamente selado com lacre.
Asfixiados pela ditadura, os jogadores norte-coreanos não estão autorizados a contactos com os órgãos de informação e, mesmo durante os treinos da equipa, estão permanentemente vigiados pela “secreta”. O que ainda falta explicar é se a apertada segurança se destina a proteger os atletas, como em qualquer selecção, ou a impedi-los de desertar.
Ontem, na antevisão do jogo, apenas o seleccionador Kim Jong Hun se deslocou à sala de Imprensa, um desvio à tradição de também um futebolista se submeter às questões dos jornalistas, apesar de a ausência não implicar qualquer penalização por parte da FIFA, que apenas exige a comparência do treinador principal de cada selecção presente no Mundial, na véspera de um jogo.
Liberdade, na selecção da Coreia do Norte, é palavra que faz pouco sentido. Mas, curiosamente, o 25 de Abril, símbolo de revolução e liberdade em Portugal, é o nome de um dos clubes do regime norte-coreano. O 25 de Abril da Coreia do Norte, dez vezes campeão de futebol naquele país oriental, é ironicamente o braço desportivo das tropas e a data evoca a fundação do exército. Sete dos 23 jogadores presentes no Mundial 2010 representam o clube das armas. E o grito de guerra parece óbvio para o desafio de hoje: contra Portugal, marchar, marchar.