<p>Especialistas enumeram qualidades para ascender ao maior cargo executivo da nação.</p>
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Carisma, carisma e... carisma. É a partir da capacidade mobilizadora individual que tudo se decidirá nas eleições. Mas o que mais conta para a figura em exame? Ter qualidades pessoais, técnicas e ter um partido.
O mote vem das margens, à Direita e à Esquerda. De um lado, um candidato faz o auto-elogio: "Se acham que sou capaz de ser primeiro-ministro, e eu sinto-me preparado, não liguem às siglas, não liguem aos partidos. Votem em quem confiem, em quem tem força, em quem tem capacidade" [Paulo Portas, jantar-comício no Porto, anteontem]. Do outro lado, outro candidato exerce a única hipótese sobrante, além do louvor em causa própria, para o político em campanha: a detracção do opositor: "Sócrates e Ferreira Leite não estão à altura da responsabilidade. Não estão preparados para ser primeiro-ministro" [Francisco Louçã, anteontem, a sobrevoar a Serra da Arrábida]. Donde se pergunta: o que é preciso ter para ser primeiro-ministro?
Responde José Manuel Leite Viegas, sociólogo e autor do livro "Democracia, novos desafios, novos horizontes": "A ideia de liderança é, em si, uma ideia política, mas tem um denominador que obedece às qualidades pessoais, às qualidades técnicas, mas também à família política". E quais são essas características? "Carisma, confiança, credibilidade, crença, competência, determinação, percepção, liderança, pluralidade, pluralidade". O sociólogo repete e completa: "Ser dialogante - ser plural! -, será decisivo na circunstância desta eleição, em que os dois maiores partidos correm em empate técnico e terão que negociar para governar".
Relevando "a grande margem de indefinição" que subsiste a 11 dias das eleições - "Há muitos indecisos e muitos novos eleitores" -, Leite Viegas localiza as incógnitas: que peso real terá o Bloco de Esquerda? Como vai ser a distribuição/soma de votos PSD/CDS?
Um político não existe fora de um projecto, seja um movimento ou um partido, diz Nuno Gouveia, Mestre em Comunicação Digital e autor do blog Imagens de Campanha: "Para ser primeiro-ministro é obrigatório ser presidente do PS ou do PSD. Essa é a única característica na exclusividade do nosso sistema". E que mais além da família política? "O carisma e tudo à sua volta".
Aparentemente, é à volta deste substantivo masculino [carisma: benefício da qualidade sobre-humana que privilegia um ser humano distinguindo-o dos outros] que tudo revolve. "Queremos sempre alguém que nos inspire, que seja aglutinador de sentimentos, de ideias, que seja carismático", resume Leandro Alvarez, presidente e director criativo da agência TBWA, que vê, de um lado, "discursos insossos" e, do outro, um "eleitorado pulverizado e apático". Para este brasileiro, há 15 anos em Portugal, o mais interessante só virá depois das eleições: "Portugal vai viver em governação-leilão. Vai ser bem engraçado".
Se pudesse, Luís Silva Dias, CEO da agência Foote, Cone & Belding, metia os políticos dentro da "Roda", a filosofia de organização da sua empresa em que o cliente é a cerca da estratégia, da arquitectura e da criação. Regressamos ao início: o que é preciso ter para ser primeiro-ministro? "Ter uma ideia impulsionadora e relevante para o país, saber como fazer o caminho na direcção dessa ideia e, não menos importante, ter o carisma suficiente para galvanizar os portugueses a fazerem o caminho com ele". E qual é esse caminho para o resto da campanha? "Um exercício de contenção em que, infelizmente, não prevejo nada de novo". E para o dia 27, tem previsões? "Todos vão ganhar, menos o Partido Socialista".