Cabeça-de-lista exorcizou fantasmas e cumpriu com distinção mais uma arruada com Ferreira Leite.
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Comenta-se entre os jornalistas, à porta do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, em Santarém: "Lá está o Pacheco a dar a táctica". Uns maledicentes, estes repórteres, embora não estejam longe da verdade. É sabido que a voz de José Pacheco Pereira, dele se trata, será das mais ouvidas por Manuela Ferreira Leite, que se preparava para debitar declarações para as câmaras.
Ora, Pacheco Pereira estava ontem no centro das atenções. Porque a caravana da presidente do PSD andou por terras ribatejanas onde ele é cabeça-de-lista, porque importava perceber até que ponto ele desmentia a ideia de que será um candidato contestado. O próprio desmente. "Olhe lá se não é pacífico", diz, abrindo os braços na direcção de correligionários que ali se juntam, dirigentes distritais do partido. E falando do que já tem visto no terreno, "centenas de pessoas" cuja presença poderá ser confirmada, na Internet, em "fotografias feitas por amadores, sem trucagens".
Vinham as trucagens como pretexto para umas bicadas no principal adversário, a nível nacional: "As pessoas que estão nos sítios são mesmo de lá. Não temos camionetas, porque não temos dinheiro. Quem tem um grande arsenal, com assessores que participam na campanha, oficialmente ou anonimamente, nos blogues, é o primeiro-ministro".
Santarém não tem sido, já se sabe, dos sítios mais serenos para os sociais-democratas, no que a este processo eleitoral respeita. Francisco Moita Flores, o presidente do município escalabitano (independente eleito pelo PSD), foi muito crítico em relação à elaboração das listas, e não pôs ontem pé nas acções de campanha. Afirma Pereira: "O presidente da Câmara é uma pessoa, e temos aqui milhares de militantes". "Os problemas de Santarém não são esses", explica, desfiando questões, como as relacionadas com a agricultura ou com o tecido empresarial do distrito.
Nas ruas de Santarém não estava, portanto, Moita Flores. Pelo menos, não estava à vista. Mas a arruada da líder, em que Pacheco Pereira andou particularmente activo, levava a bordo gente sonante, como Luís Marques Guedes, Vasco Graça Moura ou José Pedro Aguiar Branco, que também comentou a ausência do presidente da Câmara: "Penso que está a ser coerente com a posição que tomou; pena é que não o tenha sido antes de aceitar a candidatura".
Quem viu uma arruada viu todas, mas umas são mais sensaboronas do que outras. Ontem, num curto percurso em Santarém, a própria Manuela Ferreira Leite estava mais à vontade do que na véspera. E Pacheco Pereira, um rato de biblioteca (nada de pejorativo há nisto) que, aliás, instalou na ribatejana Marmeleira a sua mítica livraria, também superou as expectativas.
Dele não surpreende, por exemplo, a agilidade com que se movimenta no espaço mediático (até quando pretende ser o grande educador da comunicação social). Mas também é, pelos vistos, um animal de palco. Ou de rua. E a acção de ontem valeu-lhe pontos.