O PCP admitiu esta terça-feira debater formas de romper com a "política de direita", mas classificou de propaganda a proposta do PS para discutir coligações nas eleições autárquicas.
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Em comunicado, o Partido Comunista Português diz estar "inteiramente disponível para debater e confrontar o PS com aquilo que são os eixos essenciais de uma política que corresponda a uma verdadeira rutura com a política de direita".
O debate deve levar ainda à "libertação do país do programa de submissão e exploração subscrito com a União Europeia e o FMI", acrescenta.
De acordo com o mesmo documento, o PCP "tem reiteradamente sublinhado a sua disposição para examinar com as forças, setores e personalidades democráticas a construção de uma política alternativa".
A reação surgiu na sequência de uma carta enviada pelo PS ao PCP e ao Bloco de Esquerda a propor reuniões para discutir coligações em alguns municípios nas próximas eleições autárquicas.
Uma carta que o PCP diz ter tomado conhecimento apenas pela comunicação social, mas que considera ser "uma iniciativa sustentada não em critérios de seriedade, mas sim movida por meros propósitos de propaganda".
Acusando os socialistas de estarem comprometidos "com os eixos essenciais da atual política" e de terem intenção de "manter vivo um Governo politicamente moribundo por mero cálculo partidário", os comunistas criticam o "reiterado compromisso do PS para com o Pacto de Agressão (o memorando com a troika), que está a afundar o país e a arruinar a vida de milhões de portugueses".
Para o partido liderado por Jerónimo de Sousa, o que está "no centro das preocupações dos trabalhadores e do povo" não são nem as autárquicas do próximo outono "nem as ambições de poder" do PS.
"O que o povo português exige com caráter de urgência é a interrupção da ação do Governo e a rejeição do chamado memorando de entendimento", sublinha.
A carta que o PS diz ter enviado na segunda-feira ao PCP e ao Bloco de Esquerda não foi ainda recebida por nenhum dos partidos, segundo disseram fontes oficiais de ambos.
Na carta, o Secretariado Nacional do PS diz que o partido "concorre com listas próprias na esmagadora maioria dos 308 concelhos, mas expressa a sua disponibilidade e abertura para, excecionalmente e nalguns concelhos onde o interesse das populações o justifique, proceder à formação de coligações de esquerda".
O PS realça na carta, assinada pelo dirigente nacional Miguel Laranjeiro, que a formação de coligações de esquerda visa "permitir a afirmação de alternativas progressistas, com particular incidência nos concelhos governados pela direita ou onde esta, através do PSD e do CDS/PP, se apresenta em coligação".
Na carta, a que a Lusa teve acesso, o PS adianta ainda que já foram feitos contactos ao nível concelhio quanto à possibilidade de formação de coligações concorrentes às próximas eleições autárquicas a realizar este ano.