<p>Mário Soares participou ontem, no Porto, naquele que foi, até agora, o maior comício do PS, para pedir aos portugueses que dêem uma "maioria muito confortável" ao PS e a José Sócrates. "Nunca ninguém foi tão injuriado como ele", disse.</p>
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Soares puxou dos galões para dizer que, desde o 25 de Abril, "nenhum político foi tão combatido e tão injuriado numa tentativa de o difamar" como José Sócrates. Dirigindo-se aos milhares de pessoas que encheram a Praça D. João I, afirmou que não vê, "no horizonte nacional, nenhum outro político que, em competência, em rigor e em amor a Portugal e aos portugueses mais pobres se compare" com o primeiro-ministro.
O antigo líder do PS pediu "uma maioria confortável", porque "o que está em jogo é o futuro dos próximos quatro anos". De manhã, questionado pelos jornalistas, admitira que a maioria absoluta é difícil e que não o "repugna" uma futura aliança com o BE.
Soares garantiu que o secretário-geral do PS "aprendeu muito com esta crise" e com os quatro anos de Governo "extremamente duros". A sua "experiência" e "competência" dão garantias de que Portugal irá superar a crise e "triunfar no futuro". "Sócrates é fixe!", gritou, empolgando a multidão, que replicou o slogan usado na sua primeira campanha eleitoral para a Presidência.
Embora nunca citando a líder do PSD - que, de manhã, acusara de ser "uma desgraça" - o "histórico" do PS teceu duras críticas a Ferreira Leite. "Quando uma economista confunde a crise de 2003 com a crise actual, que é uma crise mundial, ou é fanática ou é irresponsável", apontou, para lembrar, mais tarde, o episódio da líder social-democrata visando Espanha, "nossa amiga, com a qual queremos manter e sempre tivemos a maior das solidariedades".
Num comício em que Sócrates agradeceu, pela primeira vez, o voto dos portugueses há quatro anos ("valeu a pena", disse) e se voltou a vangloriar de conseguir falar dos problemas e do futuro do país "sem dizer mal de ninguém", as críticas à Esquerda e à Direita ficaram a cargo dos outros oradores. Alberto Martins, cabeça de lista pelo Porto, disse que o PSD "é, neste momento de crise, o partido da grande depressão", com o qual Portugal "não vai sair da crise". E, retomando o tema da asfixia democrática, considerou "ridículo" que seja suscitado por quem "vai à Madeira respirar o oxigénio da liberdade". "Nós não queremos suspender a democracia por seis meses", disse.
Alberto Martins deixou também um aviso: esta eleição é "uma grande oportunidade para a Esquerda", mas mais votos nos partidos à Esquerda do PS podem significar "a vitória da Direita". O voto que "reforça a Esquerda que quer governar é o voto no PS", sublinhou, num apelo ao voto útil.
Também Teixeira dos Santos, ministro que integra as listas do PS pelo Porto, apontou baterias a Ferreira Leite e ao BE. "Nós não tivemos uma obsessão do défice. Corrigimos o défice e, ao mesmo tempo, apoiámos quem mais precisava", disse, considerando que a principal adversária não inspira "credibilidade e confiança", porque tem mudanças de opinião "incompreensíveis", citando o caso das SCUT e do TGV. O ministro atirou-se ainda às propostas fiscais do BE, que classificou de "ataque fiscal mais forte de que há memória na nossa história". "Não é uma pedrada. É um bloco atirado às famílias e à classe média portuguesa".