<p>A redução de intenções de voto no PSD atira os socialistas para uma situação confortável. Em vésperas das eleições, o PS dispõe de oito pontos de avanço sobre o rival. Disputa entre CDS e CDU pode ser o outro ponto de interesse do sufrágio.</p>
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O esvaziamento do balão laranja, que a sondagem da Universidade Católica para o JN, o DN, a RTP e a Antena 1 revela, constitui a única explicação plausível para o alargamento do fosso entre os dois principais partidos. Embora o número de eleitores que garante ir votar no próximo domingo tenha crescido, nenhuma das duas formações parece ter beneficiado com isso. Muito menos o PSD, que até "encolheu".
O PS estabilizou nos 38%. Trata-de de uma percentagem próxima da obtida por Ferro Rodrigues em 2002, no confronto com Durão Barroso, em que saiu derrotado. No entanto, a comparação é arriscada, uma vez que as eleições de há sete anos foram especialmente bipolarizadas, enquanto as actuais prometem acentuar a pulverização do eleitorado por cinco forças políticas, já perceptível nas Europeias do Verão passado.
Com o score agora obtido, o PS pode continuar a reivindicar a maioria absoluta, mas é muito pouco provável que a revalide. A perspectiva de ser constituído um Executivo sem apoio parlamentar seguro mantêm-se assim de pé, até porque, a fazer fé nestes resultados, uma aliança entre PSD e CDS não impediria José Sócrates de formar Governo. O líder socialista já admitiu a possibilidade de dialogar com os partidos mais à Esquerda, para selar acordos pós-eleitorais, se os resultados o obrigarem a dar esse passo. Contudo, pode preferir um Executivo minoritário, confiando que Bloco e CDU não se aliarão à Direita para o derrubar.
O partido de Francisco Louçã, que regista uma assinalável estabilidade em matéria de intenções de voto, consolida, aparentemente, o estatuto de terceira força. Pode vir a eleger 22 deputados, segundo a projecção efectuada pela Católica, que deve ser encarada com reservas, uma vez que a sondagem não se baseou em amostras representativas de cada círculo. A confirmar-se este vertiginoso crescimento, o BE quase triplica o número de mandatos.
As duas outras formações que hoje dispõem de representação parlamentar continuam em situação de empate técnico, que deixa tudo em aberto. Os comunistas foram perdendo gás e, neste estudo, são ultrapassados, à tangente, pelo CDS de Paulo Portas. Nada que constitua uma novidade: nas últimas eleições, a votação nos dois partidos situou-se na casa dos 7% e a CDU só "ganhou" três décimas (mas mais dois deputados).
Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica
(CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias entre os dias 17 e 22 de
Setembro de 2009. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram seleccionadas aleatoriamente 48 freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II (2001) e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das eleições legislativas de 2002 e 2005 e
europeias de 2009 nesse conjunto de freguesias, ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma, estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais
recente aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. A intenção de voto foi recolhida através de boletim simulado e voto em urna. Foram obtidos 4367 inquéritos válidos, sendo que 55% dos inquiridos eram do sexo feminino, 38% da região Norte, 19% do Centro, 30% de Lisboa e Vale do Tejo, 7% do Alentejo e 5% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residente no Continente por sexo (2007) e escalões
etários (2007), na base dos dados do INE, e por região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 68%.* A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 4367 inquiridos é de 1,5%, com um nível de confiança de 95%.