Dirigentes do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda falharam, esta quinta-feira, qualquer acordo para coligações nas próximas eleições autárquicas, à exceção da já conhecida para o Funchal, após reunião na sede bloquista, em Lisboa.
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O socialista Miguel Laranjeiro lamentou o insucesso da iniciativa do Partido Socialista, cujo secretário-geral, António José Seguro, tinha enviado cartas a BE e Partido Comunista Português propondo 11 alianças específicas.
Pedro Soares, do BE, reiterou que, apesar de a convenção do partido ter aprovado a convergência à esquerda para as eleições autárquicas, o BE não está disponível para participar cirúrgica e bilateralmente, ou seja sem outras forças do mesmo espetro político, em candidaturas já decididas à partida pelos socialistas.
"O BE, há cerca de quatro meses, desafiou todos os partidos da esquerda para uma grande convergência nas autárquicas para derrotar as câmaras [municipais] de direita. Numa situação dramática como a que estamos a viver, em que as políticas de austeridade têm influência direta nas populações era importante darmos esse sinal", afirmou Pedro Soares, à saída da reunião, na sede bloquista, em Lisboa.
O bloquista negou que Lisboa tivesse estado em cima da mesa e adiantou só se ter falado dos nomes dos candidatos socialistas Manuel Pizarro (Porto), Eduardo Vítor (Gaia), Francisco Reis (Alter do Chão) e Miguel Alves (Caminha), classificando a proposta como "desajustada".
"A convenção do BE tinha aprovado uma ampla coligação de esquerda para derrotar a direita", frisou, rejeitando "coligações bilaterais que fazem esquerda contra esquerda".
O BE considera mesmo "abdicar a favor de convergências cidadãs que surjam", mas prefere não participar em coligações motivadas "possivelmente por sondagens" negativas, frisou.
O socialista Miguel Laranjeiro esclareceu que "a questão não é do ponto de vista aritmético, de vencer mais um ou dois ou três [concelhos], mas antes de construir uma solução com projetos de esquerda, sobretudo nesta altura de crise social gravíssima, desemprego e despedimentos".
"Muitas vezes, o adversário do PCP é o PS. Ora, para nós não. O nosso adversário é a direita e este Governo PSD/CDS-PP. Não nos enganamos. [Adversárias] São as políticas de direita. Muitas vezes, no Parlamento, quer em muitos municípios, como no Alentejo, há uma coligação tácita entre os partidos de direita e o PCP para combater o PS", observou, elogiando a conjugação de esforços no Funchal.