<p>Carlos Queiroz respondeu hoje, quinta-feira, às previsões de José Mourinho, que disse que mesmo um "Ronaldo a mil à hora não chega para Portugal vencer o Mundial".</p>
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"á 25 anos também se riram de mim", lembrou o seleccionador, em conferência de imprensa. "O que é importante dizer é que no passado, quando muitas coisas começaram comigo, falando para treinadores, estudantes universitários, para os meus jogadores, a minha mensagem foi sempre a mesma. Temos de trabalhar, temos de nos preparar bem, porque quando isto começar é um jogo de 11 para 11. Não conta nada do que está fora. Nós temos uma hipótese em 10 e temos de estar preparados. Vamos fazer tudo para não perder essa oportunidade".
Queiroz acrescentou ainda que o mais importante era a união da equipa e o apoio dos adeptos. "Se tivermos uma equipa unida, com os adeptos a apoiar-nos e a viajar a mil quilómetros por hora, já nos basta só o Cristiano Ronaldo, Deco e os outros à velocidade de cruzeiro. Não precisamos de muito mais e se isso acontecer se calhar as nossas hipóteses aumentam", disse.
"Há muito tempo que, na federação, dizemos que é preciso trabalhar mais, investir mais e ter um futebol genericamente mais forte, mas esta não é a melhor altura para falar sobre esta questão", disse.
Queiroz deu no entanto um cariz positivo aos comentários do treinador do Inter: "Não sei o contexto em que Mourinho disse isso, mas parece-me que transmitem uma reflexão sobre o futebol português e o que falta ao futebol português. E vale a pena pensar nisso".
A imprevista conferência de imprensa do selecionador - não estava no programa entregue aos jornalistas - não teve qualquer pitada de polémica ou crispação.
"Conheço Mourinho há muito tempo, fui professor dele cinco anos na faculdade, temos um longo projeto de preocupações comuns e não faz sentido alimentar polémicas", vincou.
Jogadores desvalorizam
"Ele é especialistas nisso [motivar]. Se calhar é isso, porque no fundo tenho a certeza absoluta de que ele está a torcer por Portugal", vincou o médio Deco.
"É uma opinião que tem de ser respeitada, ainda para mais vinda de quem vem, o melhor treinador do Mundo. Estamos aqui para fazer o nosso trabalho e dar o melhor. Estamos motivados, porque jogar um mundial é experiência única. Um fator que motiva muito. Não vamos fazer nada para provar ao Mourinho ou a ninguém", acrescentou o jogador do Chelsea.
Ricardo Carvalho, que também foi treinado por Mourinho no FC Porto e no Chelsea, assumiu o comentário de forma positiva: "Só com o Cristiano não vamos lá. Temos de estar todos a 1000 à hora. Todos sabemos que ele é importante, mas não é tudo. Teremos de estar todos ao nível dele, próximo. Tentar fazer o melhor e cada um a 1000 à hora para tentar chegar à final".
O guarda-redes Beto também evita polémicas e diz que tal "não passa de uma opinião de José Mourinho" e defende que a mesma possa ser encarada como "uma forma de incentivo".
O treinador do Inter de Milão também criticou nos últimos dias as seleções que davam um passaporte a futebolistas brasileiros, que assim ficavam aptos a representá-las: em Portugal há os casos de Deco, Pepe e Liedson.
"Tenho a minha história em Portugal. Toda a gente sabe os motivos que me levaram a jogar pela seleção. Se isso é coisa que ainda se discute... Tanto Mourinho como outra pessoa é livre de exprimir o que pensa. Tenho de respeitar. É uma opinião", concluiu o atleta.