António Simões, repórter fotográfico da Global Imagens, contou ao JN os momentos de terror que viveu na madrugada desta quarta-feira, em Magaliesburg, depois de ter sido assaltado no Nut Bush Lodge, onde se encontram instalados vários jornalistas portugueses e espanhóis. "Estive com uma arma apontada à cabeça".
Corpo do artigo
O repórter da Global Imagens contou ao JN que os ladrões entraram no quarto por volta das quatro da manhã. "Acordei e atiraram-me para cima da cama e encostaram-me a arma à cabeça", disse.
António Simões esteve, depois, durante cerca de uma hora e meia debaixo do edredão: "Apenas saí quando vi a luz dos dia. Roubaram-me tudo".
A polícia sul-africana regressou, ao final da manhã, ao empreendimento Nut Bush Lodge para interrogar os funcionários. As autoridades sul-africanas já prenderam um dos assaltantes, que localizou através do sinal do telemóvel de António Simões.
"Estava a dormir. Acordei com um barulho e deparei-me com dois africanos negros dentro do quarto. Um deles apontou-me logo a arma à cabeça", contou. "Foi terrível".
"Quando saíram, mandou-me estar calado e continuar a dormir com a arma ainda apontada", recordou. "Fiquei hora até vir cá para fora", disse António Simões.
O repórter fotográfico contou, ainda, que "enquanto um dos assaltantes mantinha a arma apontada, o cúmplice carregava o que podia para fora do quarto".
Os assaltantes levaram do quarto de António Simões 3500 euros, cerca de 500 euros em rands. "Fiquei sem telemóveis, documentação, levaram-me o computador, máquinas, lentes, roupa. Apenas fiquei com alguma roupa no quarto", disse.
Quando viu a luz do dia e conseguiu sair do quarto, o repórter português começou a bater à porta de outros profissionais e foi aí que constatou que também os colegas do "Expresso" e do jornal espanhol "Marca" tinham sido assaltados.
"O mais importante é que estou vivo. O material é o menos. Não há noção do que é ter a arma apontada", afirmou.
António Simões disse estar "chocado" com as condições em que o grupo de jornalistas viajou. "É surreal terem-nos metido aqui numa quinta sem telefones do quarto e segurança alguma. Por onde temos passado, vemos muros altos electrificados e segurança. Impensável terem-nos colocado aqui".
"Penso também nos emigrantes que têm sido mortos na África do Sul. Pensei que ia ser apenas mais um", concluiu.
Outros dois jornalistas foram assaltados, mas não acordaram.
Miguel Serrano, da "Marca", ficou sem todo o material. Os assaltantes roubaram-lhe quatro mil euros e três telemóveis.
O quarto do jornalista do "Expresso", Rui Gustavo, também foi assaltado. Ficou sem nada, apenas com a roupa.
Uma representação da embaixada de Portugal na África do Sul encontra-se a caminho do Nut Bush Boma Lodge, para oferecer apoio logístico, isto porque os jornalistas ficaram sem passaportes.
O empreendimento turístico onde se deu o assalto situa-se a cerca de 20km de Magaliesburg e a 80km de Joanesburgo, na savana sul-africana. Trata-se de uma extensão grande de terreno, com escassa ou nenhuma vigilância. Nesta altura, está a ser ponderada a mudança dos jornalistas para outro local.