Os assobios marcaram ontem, domingo, o treino aberto da selecção. Os adeptos não ficaram satisfeitos com o facto de a sessão ter tido curta e preenchida por... futevólei. Hoje, Portugal realiza o primeiro particular do estágio antes do Mundial, diante de Cabo Verde.
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Os adeptos nem queriam acreditar. Depois de horas à espera do momento de verem os craques, sob um sol abrasador, estes não corresponderam às expectativas. Estiveram apenas 40 minutos no relvado e nem uma peladinha para despertar alguns aplausos. Houve apenas um decepcionante futevólei. No fim, assobios estridentes despediram-se de Portugal, lamentando as pessoas ter perdido uma tarde de domingo para quase... nada. Carlos Queiroz não ouviu.
"Fui o último a sair e apenas notei manifestações de carinho. Há um carinho crescente. Mas reconheço que é muito difícil agradar a toda a freguesia". Antes das palavras do seleccionador, Hugo Almeida foi contundente, em conferência de Imprensa: "Espero que os adeptos venham para apoiar. Se não for, mais vale não virem".
Muitas pessoas também se queixaram de não ter podido entrar no recinto, mas sem razão, dado que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) sublinhou, desde sempre, que o acesso às bancadas estava dependente da apresentação de bilhete. E, diga-se também, que o organismo informou previamente que a lotação estaria limitada a três mil pessoas - ontem o número até subiu para quatro mil - para que a concentração dos jogadores não fosse afectada.
À margem destes assuntos, Queiroz revelou o onze que vai defrontar Cabo Verde, ao final da tarde. O grande destaque é a titularidade de Fábio Coentrão e de Miguel Veloso. "A decisão que tomei foi com base na altura da chegada ao estágio (ambos chegaram à Covilhã no primeiro dia da concentração) e também no facto de que muitos estiveram a competir até dia 16". Ou seja, tanto o lateral como o médio não estão em vantagem, relativamente a Duda e a Raul Meireles, os seus concorrentes directos, apesarem de actuarem hoje de início. Por seu lado, Nani também substitui Simão, igualmente por motivos físicos. Sobre o sistema táctico, afirmou não ser crucial saber se o modelo táctico mais adequado de Portugal é o 4-4-2 ou o 4-3-3. "O importante é atacar e defender como unidade".
À parte do desafio, o seleccionador mostrou-se satisfeito por já ter todos os eleitos à sua disposição. Desde anteontem que já conta com os 24 elementos que convocou. "Tenho confiança absoluta e estou orgulhoso da escolha que fiz".
Perder por poucos
Do lado de Cabo Verde, o treinador João de Deus crê que o jogo será difícil para a sua selecção. "Temos uma estratégia para condicionar alguns dos pontos fortes de Portugal e tentar aproveitar os seus pouquíssimos pontos fracos". Os africanos estão felicíssimos por jogar na Covilhã. "É muito importante defrontar a terceira melhor do Mundo".
No Mundial, o treinador diz que Portugal é favorito frente à Costa do Marfim. "A equipa de Drogba é uma constelação de estrelas, mas tenho dúvidas que consigam funcionar como equipa". Por seu lado, Pedro Pires, presidente do país, anotou, com humor, que o único objectivo "é perder por poucos". "Pelo menos, que façam boa figura", pediu.