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As próximas eleições podem ditar uma tendência de menor concentração do voto no PS e no PSD. A pressão sobre o sistema de partidos é incontornável. Ontem foi apresentado mais um livro sobre o comportamento eleitoral.
Nas legislativas de 2005 e presidenciais de 2006 os votos dos eleitores portugueses não estiveram tão concentrados no PS e no PSD e essa tendência de menor concentração poderá confirmar-se nas próximas eleições de dia 27.
Esta é uma das conclusões a que chegou Marina Costa Lobo num estudo sobre comportamento eleitoral publicado pelo Instituto das Ciências Sociais (ICS).
"O sistema partidário está sob pressão. Em 2005 e 2006 a concentração de voto nos dois principais partidos está em franco declínio. Isto leva-nos a uma reflexão sobre o que pode acontecer em 2009", disse a investigadora do ICS na apresentação da obra "As Legislativas e as Presidenciais de 2005 e 2006", que decorreu no auditório do instituto. A tendência para o aumento da abstenção e a maior fluidez do eleitorado são outras conclusões do estudo. O estudo de Marina Costa Lobo contraria a ideia de que os factores pessoais dos candidatos pesem muito na decisão de voto. "Contam muito pouco em comparação com saber se é um líder forte e que sabe tomar decisões", declarou a investigadora.
Um dado que levou António Barreto, sociólogo investigador principal do ICS, a considerar que "contraria o sentido geral da preparação das campanhas eleitorais em Portugal muito baseadas nos factores pessoais".
O crítico de media Eduardo Cintra Torres destacou que "a economia é mais importante que os media nas escolhas dos eleitores" e sublinhou que "o debate, designadamente o televisivo, é o produto mediático mais importante em período eleitoral, por ser possível negociar as condições, o que o torna menos jornalístico, e em que a percepção de enviezamento mediático é menor".
André Freire salientou que "as preferências em políticas públicas e em valores contam em cada eleição, como aconteceu em 2005 com o apoio ao Estado Social e à liberalização do aborto".