<p>As vendedoras de peixe do mercado municipal de Alcobaça bem o chamaram. Francisco Louçã, porém, passou discreto e seguiu a marcha até à banca das frutas e legumes. Um acto pensado - é avesso a actos de "populismo", explicou - mas que caiu mal na bancada... do peixe.</p>
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"Não foi bonito. Nós só o chamámos porque o queríamos cumprimentar, não era para dar barraca", disse ao JN uma das vendedoras, para logo dar força a outras vozes: "Tem medo de nós? É porque cheiramos mal?", dizia uma. "Antigamente é que as peixeiras faziam aquelas cenas, agora é diferente. Somos pessoas educadas", refilava outra. Entre atender um cliente ou arranjar um peixe, as conversas circulavam sempre à volta do mesmo "Até lhe ia oferecer uma xaputa", gracejava outra vendedora.
Já fora do mercado, Francisco Louça justificou-se com prontidão: "Nunca vou por uma questão de princípio. Porque cria uma dinâmica de espectáculo. Eu quero um contacto sereno com as pessoas, não quero favorecer nenhuma forma de populismo".
Na sua primeira visita a um mercado desde o início da campanha, o coordenador do BE não escutou apenas críticas. Em território "laranja" e acompanhado de perto por Adelino Granja, candidato à Câmara de Alcobaça, Louçã também teve garantias de voto. "É o meu candidato. É em si que vou votar para mudar o país", dizia uma apoiante.
Ao lado, uma septuagenária esforçava-se por dar nas vistas. Ora gritava, ora tocava no líder, ora puxava de um cigarro e fumava, mandando o fumo para os que a rodeavam. Enfim, D. Etelvina fez de tudo até que Francisco Louçã reparou e cumprimentou discretamente. "Oh, nem um beijinho me deu...", lamentou ela depois.
Mais à frente, um encontro inesperado. O pai de um antigo aluno no ISEG abordou-o: "Tome lá, fale com o meu filho que está aqui ao telefone", disse. Louçã, sorriu, pegou no telemóvel alheio e cumprimentou a voz do outro lado sem hesitação. "Ele gostava muito do professor, uma vez até lhe deu 20 valores", dizia o pai do aluno, orgulhoso.
Entre cumprimentos, ainda escutou uma vendedora gritar "viva o PS!". Numa banca de frutas, outra conficendiava: "Isto que lhe vou dizer é segredo. Vou dar o meu voto ao senhor Louçã. Se os meus filhos sonham..."