Partiram para a volta ao país as caravanas partidárias, num cenário de incerteza absoluta.
Corpo do artigo
Para a estrada! Às zero horas de hoje, ainda se digeria o resultado do último frente-a frente televisivo, foi dado sinal oficial de partida para as caravanas eleitorais partirem para a volta ao país à caça ao voto dos eleitores.
Já começou oficialmente a campanha eleitoral, numa cenário de incerteza absoluta.
Os dois maiores partidos, PS e PSD, estão empatados nas sondagens e os outros (PCP, CDS-PP e BE) ainda sonham, os três, com o terceiro lugar.
Manuela Ferreira Leite e Francisco Louçã já partiram de avião para as ilhas. Ambos começam em terrenos hostis. A social-democrata, na terra socialista de Carlos César, e o bloquista, no bastião jardinista. Na mesma cidade, em Évora, que vota à Esquerda (PS e PCP), estão José Sócrates e Jerónimo de Sousa. Paulo Portas arranca, sozinho, nos confins de Bragança.
Todos vão pedir o voto dos portugueses porque todos têm muito a ganhar. Mas só dois dos candidatos terão muito a perder - a liderança dos respectivos partidos.
Nem Sócrates nem Ferreira Leite conseguirão sobreviver politicamente, por muito tempo, a uma derrota no dia 27. Adversários internos de um e de outro preparam-se para pedir contas, no "day after". Para o actual chefe do Governo, a vitória também poderá ter um sabor a derrota. É que nada faz prever que se repita a maioria absoluta de 2005, o que transformará Sócrates no primeiro-ministro que "perde estatuto". Cavaco Silva, depois de ter ganho a primeira maioria absoluta, em 1987, reforçou-a quatro anos depois.
É porque ambos têm muito a perder, que, sem colocarem a fasquia na maioria absoluta, José Sócrates e Manuela Ferreira Leite usam todos os meios para explicarem aos eleitores que só vale a pena votarem no PS ou no PSD. "Para que haja estabilidade governativa". É o argumento que se ouve nos discursos "rosa" e "laranja".
Do outro lado da barricada, contestando o voto útil, estão os partidos da segunda linha parlamentar. Querem crescer para influenciar as políticas dos que formarão Governo. Tanto Paulo Portas, à Direita, como Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã, à Esquerda, aduzem ainda o argumento de como a maioria absoluta de um só partido pode ser perversa. A resposta à crise está aí para o demonstrar. Dizem.
Prevê-se, assim, que a campanha oficial, que traz das últimas semanas de pré-campanha, "tiros no pé", polémica, radicalização e, até, discurso rasteiro, seja dramatizada. Só assim, com dramatização, para a qual contribuiu o tom dos frente-a-frente televisivos, que tiveram audiências significativas, poderá ser possível motivar alguns dos abstencionistas ao longo das próximas duas semanas.