Primeiro Nani, agora Deco. Ambos criticaram decisões de Carlos Queiroz, ambos fizeram marcha atrás. As declarações dos jogadores foram corrigidas por comunicados, mas parece que algo não vai bem no seio da selecção.
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As horas que se seguiram ao jogo com a Costa do Marfim foram de grande frustração. Os futebolistas deixaram Port Elizabeth rumo a Magaliesburg e pouco conversaram sobre a partida. Nada que espante, tendo em conta o desempenho e o resultado frente à Costa do Marfim. Se o desânimo é compreensível, o mesmo não se passa em relação ao que tem acontecido desde a chegada ao Valley Lodge.
Na passada semana, a despedida de Nani provocou uma troca de reacções pouco habitual, com o elemento do Manchester United a dizer que estaria pronto a voltar aos relvados dentro de uma semana, apesar de a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a FIFA reiterarem que seria impossível recuperar a tempo de jogar no Campeonato do Mundo. Seguiu-se uma correcção de Nani, atribuindo as afirmações ao forte desejo de ajudar a selecção.
Deco, futebolista experiente, que costuma dizer o que pensa e medir bem as palavras, mostrou-se insatisfeito com o facto de ter actuado numa ala. Seguiu-se a penitência, através de um comunicado colocado no sítio da FPF. Declarações "a quente", eis a explicação. "Nunca tive e não tenho qualquer problema com o treinador e jamais foi minha intenção colocar em causa a liderança e as decisões do professor Carlos Queiroz". Palavras bem à medida do que Portugal precisa.
Como atesta o facto de nem sequer se ter sentado no banco, depois de ter sido substituído por Tiago, Deco não ficou mesmo nada satisfeito. No entanto, a sua titularidade frente à Coreia do Norte não está em causa.
No plano geral, ninguém gostou do resultado ou da exibição. Quando a partida terminou, os marfinenses ficaram no relvado, em círculo. Pelo contrário, os portugueses saíram cabisbaixos. Conclusão: a equipa de Eriksson, supostamente afundada em problemas de indisciplina, deu um sinal de união, em contraste com os portugueses. Ontem, no entanto, após o único treino do dia, Beto e Ricardo Costa reiteraram que a atmosfera é boa.
Ao que o JN apurou, as horas que se seguiram ao jogo foram marcadas por um ambiente carregado. Mas tudo foi feito no sentido de manter o grupo focado no próximo objectivo, uma vitória sobre a Coreia do Norte. O primeiro passo para fazer assentar a poeira já foi dado, com o comunicado de Deco. Apesar deste esforço dos responsáveis federativos e do recuo do médio, apenas um triunfo, na segunda-feira, poderá ajudar a esquecer duas semanas problemáticas em África. O seleccionador também colocou água na fervura, após o treino: "No fim, o sofrimento vai compensar". Sobre Deco, nem uma palavra.