<p>No meio da multidão, não passa despercebida. Cabelo longo, louro, pele muito branca e olhos azuis. Leva uma bandeira vermelha com a foice e o martelo. Susana tem nome português - mas não é portuguesa. E diz que não vale a pena dizer o apelido. É alemã, vive em Lisboa, é professora, sempre foi comunista por convicção e está filiada no PCP.</p>
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A história de Susana começou na Alemanha, quando se interessou pela cultura portuguesa. "Por isso, resolvi tirar um curso de Português quando era estudante". Foi o primeiro passo para começar a ler os livros de José Saramago, um dos seus escritores favoritos ou, simplesmente, "fantástico" como ela gosta de dizer.
Depois ganhou uma bolsa de estudo e veio para Portugal, onde vive há 13 anos. O marido também é alemão e ambos estão filiados no Partido Comunista, que também tem militantes de outras nacionalidades a residir no nosso país.
Desde a adolescência que se idenfica com os ideais de Esquerda - "os mais justos, diz" -, porque o PCP "é um partido que está mais perto das populações e é capaz de resolver os seus problemas". Fala num Português correctíssimo, escorreito, só carrega muito nos "erres". "A nível nacional e internacional, é importante haver uma política alternativa, é por isso que sou comunista. E também porque quero uma vida melhor para o meu filho", esclarece, de bandeira na mão, à medida que vê Jerónimo de Sousa, candidato pela CDU, desfilar e contactar com a multidão em mais uma arruada.
Susana assume-se "mais portuguesa do que alemã", porque gosta mais da nossa cultura, dos nossos escritores e dos nossos monumentos, e com um sorriso provocador responde à pergunta: o que Portugal tem a aprender com a Alemanha? "Nada." Simplesmente, nada. Mesmo que os professores tenham criticado duramente o Governo, mesmo que tenha um salário inferior ao que teria se vivesse na Alemanha, diz que gosta de viver em Portugal, onde participa em várias acções do PCP porque "gosta de ajudar as pessoas".