<p>Portugal defronta esta tarde (12.30 horas, RTP e SportTV) a Coreia do Norte, no Green Por Stadium, na Cidade do Cabo. Um triunfo na segunda jornada do Grupo G significa caminho aberto para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo.</p>
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O Brasil bateu a Costa do Marfim (3-1), ontem à noite, em Joanesburgo. E Portugal não podia pedir melhor resultado. Uma vitória no jogo de hoje deixará a equipa das quinas a um empate do apuramento. Após um arranque cinzento frente aos marfinenses, a selecção, se cumprir a obrigação de despachar a Coreia do Norte, pode começar a sorrir.
A tradição está do lado de Portugal. No Mundial de 1966, a armada de Otto Glória derrotou os coreanos, por 5-3, depois de ter estado a perder por 3-0, um duelo com lugar de destaque na galeria dos mais espectaculares da história da competição. E quando se fala de História, não se poderia desejar melhor local para o conjunto de Carlos Queiroz disputar uma partida tão importante. A Cidade do Cabo é um ponto transcendental da aventura dos Descobrimentos. O Cabo da Boa Esperança, a pouco mais de 50 quilómetros da bonita cidade sul-africana, representava, no séc. XV, a fronteira do desconhecido, pejada de perigos e estórias de gigantes, imortalizadas por Camões, n’Os Lusíadas. Quando Bartolomeu Dias, em 1488, dobrou o também chamado Cabo das Tormentas, os portugueses rasgaram fronteiras rumo à riqueza das Índias. Desta vez, uma vitória colocará Portugal na rota dos oitavos-de-final.
A missão que a equipa de Carlos Queiroz tem pela frente está longe de ser tão simbólica e delicada, porque a Coreia do Norte é um adversário modesto, sem experiência em provas deste calibre (está a disputar só o segundo Mundial). Portugal tem mesmo obrigação de vencer e o enquadramento histórico-sentimental pode servir de inspiração. É verdade que selecções candidatas à conquista do ceptro, como Espanha, França, Alemanha e Inglaterra foram surpreendidas por opositores teoricamente mais fracos. Como diz o técnico português, o diabo está atrás da porta. A pergunta que se impõe é porque diabo Portugal há-de seguir os maus exemplos...
Será difícil encontrar explicações para outro desfecho que não seja uma vitória. A selecção está preparada para lidar com a ausência do lesionado Deco – Tiago deve ocupar o lugar do luso-brasileiro no meio-campo –, e Queiroz promete futebol de ataque e velocidade nos flancos, que devem contar com um novo protagonista, Simão Sabrosa. Tão importante como a estratégia de Queiroz é a atitude dos jogadores. No Mundial de 1966, Portugal perdia, por 3-2, ao intervalo. O técnico Otto Glória quase não falou com os atletas, deu-lhes uma reprimenda e limitou-se a mandá-los resolver o problema. O quadro actual não é muito diferente. Tínhamos Eusébio, agora temos Ronaldo. Como tal, rapazes, resolvam lá isso e ganhem!