Bucha, uma cidade a noroeste de Kiev, destaca-se ao 39.º dia de guerra. Com a retirada das tropas russas, o mundo viu o que ficou para trás: dezenas de corpos nas ruas que denunciam "execuções sumárias" e "outros abusos graves" que podem configurar crimes de guerra. "Um genocídio", diz a Ucrânia. Dia também marcado por bombardeamentos em Odessa, Kharkiv e Mykolaiv.
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A comunidade internacional une-se no choque e no espanto ao ser confrontada com as imagens divulgadas de Bucha, cidade nos arredores de Kiev, após a retirada das tropas russas. Corpos de civis, dezenas, em número ainda não contabilizado - pelo menos 57 numa vala comum, outros caídos nas ruas desta localidade. Alguns de mãos atadas atrás das costas, um ainda na bicicleta onde seguia.
A Ucrânia diz que a morte de civis em Bucha é um "massacre deliberado" e "um genocídio", reiterou com todas as letras o presidente Volodymyr Zelensky.
Bucha massacre was deliberate. Russians aim to eliminate as many Ukrainians as they can. We must stop them and kick them out. I demand new devastating G7 sanctions NOW:
- Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) April 3, 2022
-Oil, gas, coal embargo
-Close all ports to Russian vessels and goods
-Disconnect all Russian banks from SWIFT pic.twitter.com/oZkCAETCQp
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, quer uma investigação urgente a estes "horrores indescritíveis" e a Alemanha defendeu o reforço das sanções económicas contra a Rússia. Uma "brutalidade sem precedentes na Europa nas últimas décadas", afirmou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. "Um murro no estômago", segundo os EUA. França descreveu as imagens de Bucha como "insuportáveis" e sublinhou que "as autoridades russas terão de responder por estes crimes". António Guterres, secretário-geral da ONU, confessou estar "profundamente chocado". O primeiro-ministro português, António Costa, condenou esta "barbaridade inaceitável".
Em resposta, a Rússia negou que as tropas russas tenham matado civis na cidade de Bucha e assegurou que todas as fotografias e vídeos publicados pelo governo ucraniano são uma "provocação".
Ao todo, na região da capital ucraniana foram encontrados corpos de 410 civis, segundo a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova.
Mas não é só na zona de Kiev. A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou que foram cometidas "execuções sumárias" e "outros abusos graves" em zonas da Ucrânia sob controlo da Rússia como Chernobyl e Kharkiv.
- Russos envenenados
Dois soldados russos morreram e 28 foram hospitalizados após a população de Kharkiv lhes ter dado tartes com veneno, de acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia. O ministério descreveu os ucranianos como estando a "resistir aos ocupantes por todos os meios disponíveis."
- Ataque a Odessa
Três mísseis atingiram, ao início da manhã deste domingo, a zona industrial de Odessa, a cerca de 3,5 quilómetros do centro da cidade portuária, provocando várias e fortes explosões. Os ataques começaram cerca das 6 horas locais, coincidindo com o fim da hora de recolher obrigatório.
"Esta manhã, uma refinaria e três depósitos de combustível na região de Odessa, que abasteciam as tropas ucranianas na direção de Mikolaiv, foram destruídos por mísseis navais e terrestres de alta precisão", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
- 23 mortos em Kharkiv
Há registo de 23 mortes, incluindo crianças, num bombardeamento russo em Kharkiv, este domingo de madrugada.
- Ataque em Mikolaiv
Uma pessoa morreu e 14 ficaram feridas num ataque russo em Mikolaiv, disse o governador regional, Vitaliy Kim.
- Bloqueio naval
As forças navais russas mantêm bloqueado o acesso da Ucrânia ao Mar Negro e ao Mar de Azov, impedindo o reabastecimento do país por via marítima, refere um relatório do Ministério da Defesa britânico.
- 11 autarcas ucranianos reféns, um foi morto
As forças russas estão a manter como reféns 11 autarcas de localidades de Kiev, Kherson, Mykolaiv e da região de Donetsk. Olga Sukhenko, autarca de Motyzhyn (na região de Kiev), foi morta, assim como o marido.
- Russos no estrangeiro mudam cores da bandeira em nome da paz
Cidadãos de nacionalidade russa a residir no estrangeiro mudaram as cores da bandeira do próprio país para se manifestarem pela paz. A cor vermelha, que significa o derramamento de sangue, na bandeira oficial russa foi alterada para a cor branca.
- 4,17 milhões de refugiados
A guerra na Ucrânia já causou 4,17 milhões de refugiados, de acordo com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Só a Polónia acolhe 2,42 milhões. Há mais de 6,5 milhões de deslocados internos.