A versão online da revista "The Economist" analisa a visita da primeira-ministra britânica, Theresa May, à Casa Branca. E conclui que o Reino Unido está a entregar-se de bandeja.
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"Era suposto que o Brexit tratasse de "recuperar o controlo": imunizar o país dos caprichos e interesses do estrangeiro, enquanto afirma a dignidade nacional e a independência. Parece cada vez mais uma piada de mau gosto". A versão online da revista britânica "The Economist" (TE) faz uma análise demolidora da visita da primeira-ministra britânica a Donald Trump, esta sexta-feira: um caso de estudo da bizarria, "a madre superiora a entrar na mansão do playboy".
Para a TE, a viagem de Theresa May revela o desespero dos líderes britânicos no pós-Brexit - a saída da União Europeia "compele-os a mostrar que o país tem aliados poderosos" e não ficará sozinho num Mundo polarizado. A negociação de um acordo bilateral a valer mal saia a pronúncia do divórcio, em 2019, foi, aliás, o mantra da conferência de Imprensa após o encontro (ler em cima).
"O país está até disposto a pôr a rainha à distância de ser agarrada ("grabbing distance", numa alusão à celebrizada deixa de Trump sobre as mulheres) pelo timoneiro da América". Confirmou-se o convite de Isabel II. E a aceitação.
O artigo compara a "subserviência" perante Trump com a atitude de Margaret Thatcher quando Ronald Reagan invadiu Granada, ou à "ânsia de Tony Blair em aproximar-se de George W. Bush", à custa de aliados europeus e da entrada - já assumida como erro - na guerra do Iraque. A diferença é que os ex-presidentes republicanos "acarinhavam a ordem económica e de segurança na qual o Reino Unido era um parceiro, enquanto Trump ameaça-a".
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"Em negociações comerciais, o tamanho importa": o Reino Unido tem 64,4 milhões de habitantes, os EUA 324 milhões e a Europa com que May poderá muito bem ter que negociar alberga mais de 500 milhões. Trump até pode prometer um acordo, "mas é acima de tudo um negociador da "América primeiro" consciente da sua superioridade". Pode exigir a abertura do serviço nacional de saúde britânico a privados (seguros americanos), o que arruína a promessa da campanha do Brexit de fortalecimento do sistema, e o escoamento da indústria agroalimentar americana...